aveiro | portugal |
eu fico por aí, muito tempo, na privacidade da ria.
gosto de observar o seu despertar, tão sem regras,
quando o seu sorriso ainda é transparente e carinhoso;
quando os seus gestos são uma dança intrínseca,
a própria melodia, e propagam os aromas e os afectos.
depois, cada um vai à sua vida e já não há como continuar.
o regresso é sempre um recomeço dúctil e contingente.
a ria acredita que o outono é de ouro que se espreguiça
e que, mesmo quando verde, ela própria será sempre azul.
acredita que há caminhos de palavras inventadas em
sussurro
de calorosos actos de amor (que talvez já não o seja);
e eu, que são as palavras que decretam, não só a urgência
do tempo e a intimidade do espaço, como a existência
de todas as ignorâncias, na incapacidade de se ser mais
além.
o segredo, de alguns canais, é a impaciência na paciência
dos versos;
é o esperar que o lugar seja sempre o mesmo à chegada.
a minha senda é a paciência na impaciência dos versos;
é saber que à chegada é sempre outro o lugar;
não esperar que o amor se anuncie com o desarrumar da
água,
ou que este perdure sem o generoso embalo de um seio.
[o significado do silêncio]
Nao sei o que dizer... apenas que achei belo...
ResponderEliminarolhares generosos
ResponderEliminarolhares atentos
olhares que sabem fazer poesia
bom fim de semana.
beijos
:)