aveiro | portugal |
na cadência do outono um hemisfério norte
uma ruga incompleta que conquista a fronte
tão rente a um rasto de outras rugas alojadas
na fonte da métrica da testa em chamas
que se julgava tão soberana e tão plana
na cadência do outono uma transparência
que tenta sabotar o nevoeiro cerrado
que deixou de ser metáfora no céu
para conquistar o litoral absorto
num súbito rasto de opacidade solta
na cadência do outono um lapso
o amolador chegou atrasado e imerso
porque hão-de amotinar-se as tesouras
que não sabem se a ilha está cercada de amor
ou se o amor está cercado de antipatia
na decadência do outono posso dizer adeus
e revelar que não há destino em mim
divulgar que me tenho mentido muito e muito
abraçado ao silêncio de um sorriso
ao dizer enquanto canto que não amo
[a ilha]
Em outubro a poesia adensa-se.
ResponderEliminarAi, as "mentiras" dos poetas... :)
Há uma certa, mas agradável, cativante e, até, reconfortante, nostalgia. Um deleite, como sempre.
Bjks