terça-feira, 27 de setembro de 2016

início do dia


aveiro | portugal


recolheram-se os ventos sob o compasso irregular 
do tempo. repousam os copos. são gonçalinho 
poderá, finalmente, dormitar, ou possuir essa ilusão 
de abandono, um hiato no insucesso humano. 
a cidade é, ainda, uma claridade baça. um bote 
percorre-lhe os canais para que um homem retire 
eventuais garrafas, ou lixos vários, que a noite 
insiste em deixar cair com um sabor a tristeza, 
com o som superficial de uma imagem humana, 
como se a ria fosse o seu beco sem saída. 
no final, que é o princípio, estás tu, como um ponto 
concreto, para me recordar que as noites saltam 
de horizonte em horizonte. 


 [elipse]



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