quarta-feira, 28 de setembro de 2016

irradias


aveiro | portugal


entre uma mão imaginária que me acorda gentil, 
e com aplicação me conduz, transparente, ao cargo, 
e uma mão cheia de deambulações impacientes: 
aproximo-me, um pouco mais, de ti. irradias um 
princípio de luz e um cheiro a litoral que se encosta 
à minha respiração, para se juntarem aos meus 
passos apressados, que desaparecem no centro 
das ruas ou calçadas, sem lhes quebrar o silêncio. 
tudo em volta é novo e simultaneamente antigo 
e o mesmo aqui, bem dentro de mim. é início 
de outono e eu aparento ter saído dos meus olhos 
abertos, com pássaros que cantam com hálito 
de manhãs ancestrais e de lençóis lavados com sabão 
azul. e, no entanto, trago o impulso do verão, nos lábios. 


 [elipse]




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