Sem dúvida, sem peso, sem surpresa,
Sou, ó mar, tua presa,
Nesta praia, sob o Sol morno.
Sinto-me desprovido de qualquer destreza;
Despojado da raiva e da frustração,
Sem perder de vista o farol, adorno,
Para mim e para a minha condição.
Toco nesta água, salgada e inquieta;
Nesta areia submissa e concreta;
Neste ar envolvente, carregado de mar, a dividir;
Neste fogo que arde em mim e me afecta,
A uma vontade de serenar e partir,
E permaneço com uma convicção completa,
Preso por uma pequena pena de subtrair.
Não sei ao certo quantas aves contém uma pena;
Nem sei dizer se as aves outras penas têm
E, nesta hora que me resta, pena é o que menos me convém.
Não vou mudar o Mundo, nem, tão pouco, contorna-lo.
Não espelho o que sou, apenas o que pareço
E figuro, seguro, mais do que um adereço.
Barra (Ílhavo), 29 de Outubro de 2009.
Lindo! Não partas por favor.
ResponderEliminar..."Não sei ao certo quantas aves contém uma pena;
Nem sei dizer se as aves outras penas têm..." de mestre! Tantas penas que nos sobram e que passávamos bem sem elas. A última parte está também que nem sei exprimir... Só sei dizer que adorei todo o poema. O sentir que reserva em si. Um beijinho e perdoa-me por hoje não estar muito bem... São mesmo coisas minhas. A ti amigo só desejo um excelente fsemana e fica! Não deixes de nos brindar com as tuas palavras seria efectivamente não uma pena, mas um monte delas, uma almofada de penas onde lágrimas rolariam não só minhas de certeza. Um abraço e obrigada por tudo o que me dás.
O cinzento é a cor que me espelha e a ave é a minha fé, o meu sonho. Abraço
ResponderEliminarOlá, Noctívaga!
ResponderEliminarNão parto, «não vou mudar o Mundo, nem, tão pouco, contorna-lo».
As minhas palavras começam a ser um fardo e uma rotunda.
Agradeço-te a visita e o comentário generoso.
Um abraço!
Viva, António!
ResponderEliminarEstou em sintonia com essa leitura.
Obrigado!
Um abraço!
Sem penas, por gosto apenas.
ResponderEliminar«[...]
ResponderEliminarPreso por uma pequena pena de subtrair.
[...]»
Fica...
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