sábado, 28 de julho de 2012

Manhã


O mar desenrugado
Meu oceano
Sem mais desculpa
Senhor e redutor
No tempo em que a onda flirta

Neste intemporal lugar
Ponto entre o ser e o devir
Fio entre o chegar e o partir
Limbo de encontro e desencontro
Que dentro do areal se instalou
Numa ebulição permanente

Numa mão a areia
Noutra a água

No corpo a neblina
E os primeiros raios de Sol

Na cabeça pára o artigo definido
A contracção da preposição
O pronome demonstrativo
E o reparo fundeado
Nos pés

Afago poderá se uma bofetada

Que importa o que pensam
Se nunca te admitiram e conheceram
Se nunca te perceberam e aceitaram
Se sempre discordaram e julgaram

O horizonte
A imensidão
O oceano
O Sol
A neblina
Um nada
Em anuência
Que nunca se soltou
Não produz qualquer som
Apenas ouve
E marulha-se
O mar
A manhã

Escorre a água
Cai a areia
Toca o relógio
No altifalante da torre
E a manhã


2 comentários:

  1. Verniz Negro29/07/12, 20:48

    Vinha ver se escreveste mais, por isso deixo apenas um beijinho, o desejo de boas férias! Estes que aqui, e em baixo são como sempre um gosto ler. Ainda que por vezes sejam dificeis de apreender e só quem escreve sabe o sentimento, mas é normal. Tudo a correr bem.

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