sábado, 26 de novembro de 2011

Crepúsculo maior


Encontro a luz que me ensombra,
Procuro a razão que não quero encontrar.
Quero a Terra firme e o oscilante Mar;
Quero o calor do Sol e a frescura da sombra.
Vou contemplar o que quero ver, sereno;
Olhar e ver, apenas, o que a vista alcança;
Dançar a dança que não queres dançar em pleno.

Hoje vamos soltar a vontade,
Vamos errar sem destino, sem origem.
Deixa-te possuir pela revigorante vertigem
De ter e de perder a solene veleidade.
Perde os sentidos num recato que se descerra,
Em abraços dos meus braços, sem esquecer,
Que, depois da subida, teremos que descer a serra.

Encontro o boiar sobrevivente do que eu sou,
Lado a lado com o submergir da caricatura que não quero.
Soltei amarras, a terra e o mar. Sincero, coopero.
Quase tudo numa só cor, nada mudou,
Num bailado, que não é meu, perpétuo e constante;
Quase lembrado numa só memória, é bom,
Sem fobia, abrandar e mergulhar no ensejo reconfortante.

Hoje vamos viver o hoje no tempo certo,
Numa medida que se impõe exacta,
Numa ordem natural que se acata.
Numa corrente de alegria, quero-te perto
E esquecer as horas da noite sem anoitecer.
Anima a paz deste coração em guerra.
Quero-te, mulher, que posso querer.





7 comentários:

  1. Lindo! Maravilhoso. "...Anima a paz deste coração em guerra.
    Quero-te, mulher, que posso querer."

    Todo ele é beleza mas esta frase é um marco. Esta outra ..."Perde os sentidos num recato que se descerra,
    Em abraços dos meus braços, sem esquecer," um sonho. Quem poderá esquecer uns braços que nos envolvem e nos mostram amor. Nos fazem sentir especiais e queridas. Agora sou eu que fico a sonhar acordada. Um beijinho. Obrigada pela tua visita e obrigado por escreveres. Bom Domingo um abraço.

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  2. Olá, Noctívaga!
    És muito generosa.
    Este é, essencialmente, um poema de amor, mas, também, de amargura serena, que gostei muito de escrever.
    Obrigado!
    Um abraço!

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  3. Olá. Venho agradecer-te a tua visita, pedir desculpas se hoje estou um pouco mais negra, acontece-me. Tenho um blog no Sapo que talvez transfira para aqui, para o meu e fico assim sem nenhum lá. Tem poemas deste género e irei transcrevê-los aos poucos. No fundo tenho de escrever sem pensar em condicionalismos e pelo prazer que me dá escrever. Seja que género for, não achas? Por vezes receio um pouco o que os outros pensam, mas deverei fazer o que eu me sinto bem a fazer é assim que penso. Agradeço de coração as tuas palavras e acredita que adorei este poema. Não te faço elogios gratuitamente. Gosto mesmo, mas mesmo muito de te ler. Boa semana. Um beijinho grande.

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  4. Olá! Não tens que me pedir desculpa, eu adoro os teus poemas e os teus comentários.
    Parece-me uma boa ideia, optares pela transcrição, em detrimento da importação do blogue, assim dás uma segunda vida aos poemas. Também concordo que deves escrever com gosto, ao teu gosto, genuína e criativa.
    Um beijinho.

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  5. Há dias em que queremos apenas viver, sentir.
    Algo nos impele, nos move.
    Houvesse mais dias assim...

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  6. Hoje estás carregada de reticências!
    :)
    Há dias com Sol e há dias sem Sol.
    ;)

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  7. Se todos os dias fossem iguais não tinham graça nenhum.
    Eu também tenho dias, e os dias em que só sei que nada sei são dias de muitas reticências.

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