terça-feira, 7 de março de 2017

Dentro


Em alternativa, o dia acerta-se por uma razoável curva estatística 
mecânica, que continua a sonhar, numa intrincada rede de fé 
automática, que se precipita para o persistente sorriso sonâmbulo. 
Digo eu, com a galhardia de um poema a uivar-me na palma da mão 
quente, com estrelas a brilhar sem bússola. As estrelas de sempre, 
que continuam a beber a sede da lua, num tédio de pé, ao balcão. 
Talvez tudo se explique nesta espuma de café, colada à chávena, 
onde deixo as pegadas de uma vida, enquanto a melodia se perde 
nos olhos coalhados e a tua imagem frontal emudece gradualmente. 
Mas, se de facto assim for, é tarde; já não vou a tempo de entender. 
A funcionária já se precipitou, amável e sorridente, a levantar a mesa. 


 [massivo]



1 comentário:

  1. Mais um poema fantástico... em torno de uma chávena de café... que inspira um universo de emoções...
    Adorei! Beijinhos!
    Ana

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