É uma margem mais coerente, um lugar mais provável.
Tudo aqui é mais
caro, mas nem por isso mais simpático.
Ou talvez o brilho monetário
do meu olhar seja insuficiente,
ou é um intervalo
vago nesta geografia de conhecidos.
Vi o que tinha, e o
que não tinha, a ver: as grandes bifurcações
da verdade em lotes
normalizados; a beleza artificial entroncada
na beleza natural com
a mesma falta de garantias; a real incerteza
que não oferece consolo;
o brilho sofisticado e apelativo, até a linha
do horizonte omisso;
a sensação ou o traço seguro da presumível
alegria; a
ingenuidade da cidade à procura de espaço e ordem;
que, afinal, eu sou
muito mais livre e feliz do que imaginava.
Não há pombos. Mas
há gaivotas, que procuram a tempestade
consumista, como
uma oportunidade de festim aprimorado.
Afinal, há excedentes,
pelo menos, visivelmente mais apetecíveis,
ou a imagem táctica
da ilusão estatística de poderem existir.
Por outro lado, também,
tudo aqui é mais conciso, mais breve,
mais curto e
depressa se chega ao fim, um qualquer fim. Fim.
[massivo]
Estava aqui a pensar que já te leio há uns anos (muitos) e que é sempre um prazer ler-te; que já faz parte da rotina vir aqui, no bom sentido.
ResponderEliminarGosto do poema, muito! O poeta fora do seu ambiente, mas que o assimila e o processa para servi-lo de forma a que o próprio leitor componha a experiência durante a leitura do poema. Sinto-o assim. Creio que prevalecerá o estado de espírito do próprio leitor. Eu sinto-o como um poema sem drama, alegre, com passagens de pura fruição cerebral, emocional.
Feliz dia da poesia! :)
Bjks
Os festins da procura pelos fins... sem muitas vezes se dar conta do quanto se perde, ou se está disposto a perder, nos seus meios... e que dão corpo ao frenesim que se vive na cidade... que a sustenta... mas nem por isso, dão a garantia de a tornarem um lugar mais simpático... só por isso... ou com mais sentido... numa qualquer cidade...
ResponderEliminarUm poema denso... mas que nos deixa a reflectir sobre a natureza da agitação de uma cidade... uma qualquer cidade...
Gostei imenso! Beijinho
Ana