Um silêncio feito e outro
projectado.
O som fica tão longe!
O desejo imaterial de
preencher
Os espaços que fermentam a
distância
Com estrépitos de conforto
e consolo,
Alia-se à vontade material
de fruição
Do corpóreo intelecto de
uma luz viva
Com sussurros de deleite e
contentamento.
As sombras despem-se do cinzento-escuro
Para vestir o negro mate
E de ninguém, mesmo ninguém,
se recordam
Em torno, sem torno, de uma
vasta noite.
Repousadamente dorme a
chuva que cai
Numa viagem de eras milenares
E lava a insignificância
de um desuso,
Por vezes em sigilo.
Muitos momentos perpassam
Na memória de um amante em
silêncio,
Ainda que sereno seja.
Um silêncio formado e
outro despedido.
O som fica num ermo!
Não está só,
Ouço-o no recôndito do
alto mar,
Num peito de vaga e na
orla das costas.
O amor é um local alienado
e sem fadiga
E fica sempre assim,
Num marulhar ininterrupto,
Mesmo quando aparenta
dormitar,
Entre o anseio incorpóreo
de completar
E a determinação física de
apetência.
Um silêncio demisso e
outro que não se cala,
Nem pode calar, porque o
amor não é um ponto
E o seu som existe!