terça-feira, 30 de outubro de 2012

Persistente


Um silêncio feito e outro projectado.
O som fica tão longe!
O desejo imaterial de preencher
Os espaços que fermentam a distância
Com estrépitos de conforto e consolo,
Alia-se à vontade material de fruição
Do corpóreo intelecto de uma luz viva
Com sussurros de deleite e contentamento.
As sombras despem-se do cinzento-escuro
Para vestir o negro mate
E de ninguém, mesmo ninguém, se recordam
Em torno, sem torno, de uma vasta noite.
Repousadamente dorme a chuva que cai
Numa viagem de eras milenares
E lava a insignificância de um desuso,
Por vezes em sigilo.
Muitos momentos perpassam
Na memória de um amante em silêncio,
Ainda que sereno seja.
Um silêncio formado e outro despedido.
O som fica num ermo!
Não está só,
Ouço-o no recôndito do alto mar,
Num peito de vaga e na orla das costas.
O amor é um local alienado e sem fadiga
E fica sempre assim,
Num marulhar ininterrupto,
Mesmo quando aparenta dormitar,
Entre o anseio incorpóreo de completar
E a determinação física de apetência.
Um silêncio demisso e outro que não se cala,
Nem pode calar, porque o amor não é um ponto
E o seu som existe!


8 comentários:


  1. Tanto passa pela memoria, são tantos os silêncios gritantes que vagueiam na noite, mas só o amor para os entender, os embalar, adormecer,pois não há tempo nem distancia que ele não possa ultrapassar, pode ser um simples ponto, mas um ponto que ninguém pode calar.
    beijinhos

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  2. E o que dizer?
    O amor é silêncio, sussurro e ruído, agitação; sombras, penumbra e luz; corpóreo e incorpóreo. Adoro!

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  3. Os teus poemas são feitos de mundos de beleza e sonho. Fazem-nos meditar e crescer em encantamento. Beijinho Henrique uma boa noite.

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