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aveiro | portugal
[chaminé na zona da antiga fábrica aleluia - início da rua padre arménio (alves costa júnior)] |
pode ser este o exacto momento que antecede o beijo.
poderia deixar para trás os sinais e transformar a vida
numa linha indelével de horizonte. e nela, linha,
redesenhar
palavras que saciassem, sem nexos, a sede de vida, onde
ainda há cartazes colados, cujo sentido se perdeu.
elogios. dizem que a tristeza me fica tão, mas tão bem!
mas eu sinto-me mais confortável com a felicidade.
não desprezo o que me dão! tenho preferências!...
e desejos! e existência! o viver incerto, onde tudo
é possibilidade, nada é garantido, entre outros chavões.
os meus braços acolhem as alegorias das palavras
livres de rendas, de impostos, de fronteiras, de cores,
de corpos. há palavras com as quais encho a boca.
mastigo, exploro o sabor, a textura. e transformo.
tudo é tão breve, efémero. talvez uma vontade.
também somos gavetas de papéis esquecidos.
anda. vamos desalinhados pelo número atómico,
tão perto, mas a um átomo de distância, insegura
e tácita, para podermos explodir, sempre e quando
nos apetecer, e existirmos: explodir de vida.
estou no intervalo, no sorriso, no olhar, na pele…
a pele vai tão nua e com arrepios inconfidentes
por uma carícia imprevisível. deixa que se entendam
a direita e a esquerda. se correr mal, fazemos uma
revolução, onde nada, nem ninguém, tenha que morrer.
[o significado do silêncio]