segunda-feira, 16 de novembro de 2015

de cabeça


aveiro
aveiro | portugal
[chaminé na zona da antiga fábrica aleluia - início da rua padre arménio (alves costa júnior)]



pode ser este o exacto momento que antecede o beijo. 
poderia deixar para trás os sinais e transformar a vida 
numa linha indelével de horizonte. e nela, linha, redesenhar 
palavras que saciassem, sem nexos, a sede de vida, onde 
ainda há cartazes colados, cujo sentido se perdeu. 

elogios. dizem que a tristeza me fica tão, mas tão bem! 
mas eu sinto-me mais confortável com a felicidade. 
não desprezo o que me dão! tenho preferências!... 
e desejos! e existência! o viver incerto, onde tudo 
é possibilidade, nada é garantido, entre outros chavões. 

os meus braços acolhem as alegorias das palavras 
livres de rendas, de impostos, de fronteiras, de cores, 
de corpos. há palavras com as quais encho a boca. 
mastigo, exploro o sabor, a textura. e transformo. 
tudo é tão breve, efémero. talvez uma vontade. 

também somos gavetas de papéis esquecidos. 
anda. vamos desalinhados pelo número atómico, 
tão perto, mas a um átomo de distância, insegura 
e tácita, para podermos explodir, sempre e quando 
nos apetecer, e existirmos: explodir de vida. 

estou no intervalo, no sorriso, no olhar, na pele… 
a pele vai tão nua e com arrepios inconfidentes 
por uma carícia imprevisível. deixa que se entendam 
a direita e a esquerda. se correr mal, fazemos uma 
revolução, onde nada, nem ninguém, tenha que morrer. 


[o significado do silêncio]


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