aveiro (rossio) | portugal |
sinto-me como se fosse a música que te toca
com a sua imagem de extensa luxúria sentimental.
talvez o futuro se tenha esquecido de nós
e as manchas na cama sejam, apenas, outras
raízes, mas há um pequeno rasgo de céu
azul nas densas nuvens de cassandra. há amor,
para além do amor de uma primeira vida.
a vida está fria e eu sorrio, lavrado por um fogo
de juízos que ninguém ouve no ócio da cidade.
a rua puxa-me para o ruído da felicidade, como
se não fosse o amanhã um vulcão corrupto,
onde antes existia ausência. escuta o estrugir
dos meus passos na alfândega dos sentimentos,
assediados pelo infinito das incertezas e questões.
não existem braços que me impeçam de voar;
não fico nesta cama sem lábios e resignada à solidão
dos temporais e ao ranger da madeira. vergo o
instante no brilho das minhas mãos assexuadas
e o meu rosto recusa-se a ser a moldura vazia
de horizonte: é o inventário de contentamentos.
[o significado do silêncio]
n.a.: cassandra, como substantivo.
Estou maravilhada. Foto e poema muito lindos!
ResponderEliminarO poema tem uma carga sensual e sentimental intensa.
Bjks, Henrique!
:)
a foto embora a P&B está muito bem conseguida e acompanha muito bem o poema, misto de uma luta inglória e uma nesga de sensualidade.
ResponderEliminarbeijinho
:)