sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Transitivo


O vento apagou a luz, mas não levou consigo as palavras. 
Abro a alma, fecho os olhos, não sei o que fazer ao corpo, 
e deixo-me cair no abismo da espera e dos pensamentos. 
Aí, conta-se o infinito, sem dor, sem medo, sem mágoa; 
dilui-se a importância, o tempo, a própria vida e o lugar; 
despe-se a superfície espessa dos dias, toma-se a forma 
da sombra como fé, sem a luz excessiva da esperança; 
desliga-se o vento e, por algum acaso, quase sempre 
se encontra o trilho que há-de salvar a ilusão de existir 
para tragar a hipótese da escuridão irremediável. 


 [massivo]



1 comentário:

  1. Um breve instante no tempo... em que se agarra um fiozinho de esperança... muitíssimo bem descrito... e mais um dos teus trabalhos que se não te importares, me ficará debaixo de olho, para o destacar lá no meu canto qualquer dia...
    Beijinho! Boa semana!
    Ana

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