sábado, 25 de fevereiro de 2017

Duplo traço encarpado



Procuram-me os dedos e os medos das palavras relutantes, 
que se alinham no estertor da linha imaginária, ou lugar- 
-comum, do horizonte que a névoa ainda permite, antes 
do abraço, o seu humedecido abraço de fim de inverno. 
As palavras servem-se da névoa para, primeiro, aderirem 
ao rosto e, de seguida, se entranharem na pele e fluírem 
pela imprevisibilidade das células, percorrendo o corpo 
para florescem, talvez ao sabor de um qualquer acaso, 
capricho sanguíneo ou arrepio cerebral analógico. Mas, 
o mar abre-se aos meus olhos, que se abrem ao mar, 
e assim fica o corpo de um sorriso, num dia suspenso, 
num colossal estribilho, entre o cliché do mar, dos olhos, 
da abertura e da iminência. Outra forma serena de viver. 


 [massivo]



1 comentário:

  1. O que dizer?...
    Que te vou roubar 4 linhas deste poema... para qualquer dia as destacar lá na minha chafarica...
    Beijinhos! Feliz semana! E um óptimo feriado de Carnaval!
    Ana

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