terça-feira, 29 de novembro de 2016

Delírio de luz: continuação


Agora, separadas das coisas, por detrás da vida, as palavras 
e as horas estão gastas e o corpo: cansado, mas transitável. 
Partilho o assombro dos silêncios afectuosos que tropeçam 
em mim e nos silêncios da ria, já laguna, unida à paisagem 
translúcida que imita a cidade envolta em mistérios de névoa. 
Floresço para ti, várias noites, numa mesma noite, num apetite 
de luz e calor que conflui nos instintos que cruzam razões 
de memórias doces, de várias texturas, e que limpam o ar 
quando, até, o tempo mais sólido se desfaz na ponta dos dedos. 
Outro tempo se faz na cabeça, no mesmo sentido do tempo 
do coração:  esquecem-se as palavras e as horas, o cansaço 
e o corpo, que atravessa as distâncias inertes de um nome. 


 [massivo]



1 comentário:

  1. Silêncios... preenchidos pela emoção... sempre a melhor forma, dos silêncios se fazerem ouvir...
    Mais uma belíssima inspiração, que adorei apreciar por aqui...
    Bjs
    Ana

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