A cidade, transfigurada, fala-nos com a voz transtornada,
entregue ao espanto do frio e da chuva, como quem teme
o ermo entregue aos seus muros com recados obscenos.
O dia não sustentou
a abertura do céu matinal
de um oriente que
alimentava o deleite de gaivotas
que não anteviam a
fragilidade da luz, vindas da noite,
àquela hora em que
não temem qualquer criatura.
Prosperaram os caudais de promessas do poente
que declaravam
chuva desvelada ao solo e nuvens
atentas ao brilho do
sol, que preencheram o dia.
Desço ao rés-do-chão dos sentidos. Tudo isto me deixa
muito só, muito entregue a mim; não necessariamente
triste; não necessariamente entregue ao torpor ou à
ruína;
não necessariamente a guardar a minha distância ou as
portas
que fechei, muito menos a lamentá-las onde a vida se encontra
confinada, mas mais
exacta. Instiga-me a procura das palavras
que me ajudam a encontrar a vivacidade da geometria
de um ângulo quase morto ou, porventura, morto por
extenso.
O meu tremulo coração bate e floresce-me a polpa dos
dedos,
que procuram uma qualquer coisa insegura,
como uma região do teu ser.
[massivo]
O Outono como um estado de alma... brilhantemente descrito... que anseia por um momento mais caloroso...
ResponderEliminarBjs
Ana