Apercebo-me do meu sorriso roto.
Os beijos e as mãos perderam a relação
lógica no canal onde os pés não têm chão
e onde estão os moliceiros de proa feliz,
que guardam a saudade dentro dos seus
castelos, ao som da aragem que alimenta
as marolas onde um sonho tem um ponto
final e onde cresce uma vaga harmonia.
Mas, o céu enche-se de lua, que vem como
sol e que fecunda a paisagem tranquila.
O seu clarão sensível possui um sentimento
misterioso e harmónico e uma emoção
sobrenatural, um ideal, quase matéria,
onde os seres vivos ocupam uma nova vida.
O mundo invisível recebe os fragmentos
de esperança, vindos dos fluídos da lua
e de poesias abandonadas, agora cheias
de luz e graça. E o que nele é vago e escuro,
ganha a forma do amanhã, como sombras
projectadas sobre os nossos sentidos.
[massivo]
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