segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Superlua


Apercebo-me do meu sorriso roto. 
Os beijos e as mãos perderam a relação 
lógica no canal onde os pés não têm chão 
e onde estão os moliceiros de proa feliz, 
que guardam a saudade dentro dos seus 
castelos, ao som da aragem que alimenta 
as marolas onde um sonho tem um ponto 
final e onde cresce uma vaga harmonia. 

Mas, o céu enche-se de lua, que vem como 
sol e que fecunda a paisagem tranquila. 
O seu clarão sensível possui um sentimento 
misterioso e harmónico e uma emoção 
sobrenatural, um ideal, quase matéria, 
onde os seres vivos ocupam uma nova vida. 

O mundo invisível recebe os fragmentos 
de esperança, vindos dos fluídos da lua 
e de poesias abandonadas, agora cheias 
de luz e graça. E o que nele é vago e escuro, 
ganha a forma do amanhã, como sombras 
projectadas sobre os nossos sentidos. 


 [massivo]



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