O cemitério florido, levemente oxidado e cheio de formas
de vida aparente, ainda povoa os meus pensamentos,
como se a vida passasse pelo buraco de uma agulha. Agora,
sou parte de parte da ria pendente numa ténue névoa,
levemente acinzentada. Parece que a cidade se afastou,
como um estremo da noite. Não pretendo conceber
uma igualdade de circunstâncias absoluta, apenas o seu
arrepio, e reparo que a humidade conferiu brilho à
calçada,
brilho que se estende aos bancos desocupados e à relva
onde brincam cães absortos, de pessoas ausentes
que se assemelham a sombras, apenas sombras.
Não consigo assegurar as suas dimensões, formas
e distâncias, e caminho lentamente, pela rua inevitável
que me conduz à Beira-mar, onde chegar é uma questão
de futuro próximo e de contornos mais ou menos serenos.
Por momentos, a névoa aparenta crescer dos cães
e dos seus donos, como uma espécie de cansaço febril
a libertar-se da prisão dos corpos e a diluir-se no ar:
a representação física do meu próprio cansaço e da sua
ilusão, por vezes insinuante, em mim. Só para mim.
Detenho-me na curva de um sorriso incompreensível,
uma resposta simpática e solidária do meu corpo,
apenas corpo, a tropeçar no corpo de um sonho.
[massivo]
Passando hoje, por aqui, com um bocadinho de pressa, só para te dizer, que destaquei umas palavrinhas tuas, por lá no meu canto...
ResponderEliminarSe acaso, a tradução não estiver do teu agrado, é só dizeres-me e alterarei.
Noutro dia, virei com mais tempo, apreciar devidamente, mais alguns dos teus posts... este inclusivé!
Beijinhos
Ana
que nos tirem tudo, menos a vontade de sonhar, bjs
ResponderEliminar