Um poeta, sentado, como habitualmente, no canto
mais extremo da taberna, numa névoa sépia,
que talvez seja a sua, bebe café e escreve o poema,
rodeado pelos personagens habituais, que aparentam
ter nascido na própria névoa que cresceu no estabelecimento
e ao longo dos seus muitos anos de existência.
Por vezes, entreolham-se, através, não só dessa névoa,
mas, também, de uma neblina que aparenta habitar
nos seus próprios olhos e que os torna vagamente
reconhecíveis. Assim, o poeta difuso, escreve o poema
sobre o horizonte do lado do mar e que lhe terá afiançado
que a chuva não tardaria. Ao que apensa um pássaro
numa árvore de cidade pequena e o amor sem mapa,
repleto de distâncias, de cidades, de ruas e o seu
mistério
cheio de frio e quotidiano. O futuro segreda-lhe que alguém,
ao ler, lhe apontará um presumível distúrbio mental
e que, a chover, será uma chuva molha-tolos: o horizonte
não fala. Mas o futuro também não! E todos estarão,
seguramente, certos e com as suas razões. Contudo,
sabe-se que a chuva, quando pode, molha qualquer um.
[massivo]
a chuva, o poeta e seus devaneios...
ResponderEliminarbom fim de semana.
beijinho
:)
no meio da neblina, e entre um gole de café as palavras cantam soltas e adormecem numa folha de papel.bjs
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