quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Circunstancial


     Protegi e arrumei metáforas e alegorias. Senti frio, não só o frio físico mas, também, aquele que arremete sobre o âmago e o invade. Não me surpreende esse frio que vem de fora, surpreende-me a pronta renúncia e desistência de algum do calor que vem de dentro. Não sendo meus, o frio ou o calor, de forma sensata, consigo acautelar o frio com um simples casaco, que transporto a tiracolo, mas nada posso fazer pelo calor que vacila, foge e se transforma em frio, por mais que o afague e/ou feche esse abrigo composto por discernimento e matéria que o favorece. Há calor que só se extingue, como, também, há frio que insiste em congelar.


4 comentários:

  1. É um texto fácil de criticar, no sentido de julgar desfavoravelmente, se existir a tentação de o ler fora de um contexto próximo do poético.
    Hoje quero «assinar em baixo», ficar imóvel e aconchegada.
    Beijinhos!

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    1. Não é um manual de sobrevivência, nem um axioma, mas é uma verdade simbólica. [Sorrio]

      Existem dias assim, em que queremos ficar imóveis, aconchegados e, relativamente, invisíveis.
      Beijinho

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  2. quando ainda nos podemos surpreender é porque quem sabe,o calor que se extingue vá de encontro ao fio para não o deixar congelar.
    beijinhos

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    1. O que existe, embora efémero e/ou circunstancial, tem sempre serventia. É o lado positivo e o que importa, de facto. Gosto do «surpreender» como verbo pronominal, como sinónimo de maravilhar.
      Beijinho

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