segunda-feira, 1 de agosto de 2016

entre o poema e a vida


canal dos botirões (canal da praça do peixe), aveiro | portugal


talvez não se escolha entre o poema e a vida. 
talvez porque, a vida, por vezes, também, 
é o poema. ou este é um princípio, ou uma certa 
ideia, de vida; pelo menos, uma margem humana. 
reservo o raciocínio e as suas derivações, como quem 
adia a identidade, a revelação e o desequilíbrio. 
vem um reflexo de sal da elipse, o hálito a ria 
e a mar. nenhuns lábios respondem. ninguém 
no moliceiro de palavras. palavras que fogem 
por entre os dedos simples do fim de um verso. 
o moliceiro oscila sob o peso da respiração, como 
se tivesse dado a volta ao mundo pela inspiração 
da ria, e todas as suas palavras se soltam da fórmula 
precisa, esgotas de uma viagem desconhecida 
e inexistente, formas abstractas de uma mesma 
ancoragem. e todas elas significam e dizem: amor. 


 [elipse]


1 comentário:

  1. Uma lindíssima declaração de amor, à poesia e à vida... que andam sempre interligadas...
    A imagem está espectacular!
    Como sempre, mais um post formidável, por aqui!...
    Beijinhos
    Ana

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