Os pequenos factos
também proporcionam grandes alegrias, sem direito a reversão.
A reunião dos seixos matizados,
de várias grandezas e de vários burgos, para discutir a modelação do fundo da
ribeira, decorria de forma emotiva, enquanto diferentes facções de seixos prosseguiam
nas suas posições, possivelmente, na expectativa de uma oportunidade para rolar
nos mesmos trajectos, mas de forma individual, ou de permanecerem imóveis.
A concentração de
peixes ornados ou uniformizados, de várias dimensões, entende que, também, tem
uma palavra a dizer e em uníssono deliberam que querem viver, alguns num mundo livre
e fechado, outros num mundo livre em movimento, outros, ainda, num mundo totalitário
e totalmente limitado e delimitado. Certos peixes, de forma solitária e
particular, opinam divididos e unificados pelas mesmas convicções e nas
diferentes demarcações.
Sempre presentes, numa
reacção espontânea, as águas abafam os gritos de ordem e de desordem, que estes
seixos e estes peixes não querem ocultar, e emitem sons de pranto num curso de
transfiguração, ora em auxílio, ora em desamparo, à causa de uns e de outros,
indiferentes, as águas, às necessidades de sentido e em respeito pela
habilidade do acidente e da circunstância.
Intervir, ou não,
neste mundo, é uma questão de relevo e, por vezes, de sobrevivência para os residentes
das margens, à margem ou como parte de um todo. Há quem esteja pronto a partir,
enquanto outros estão determinados a agir. Há quem tenha vontade de ficar. Há
quem queira unir e lançar pontes, com alvoroço ou sem perturbar a ordem do que
está acima e do que está abaixo, de acordo com a convicção e a necessidade apropriada.
Há quem não pondere.
Normalmente, eu apreendo
e vivo as pequenas coisas que me rodeiam, atribuindo-lhes o valor que considero
proporcional e adequado. Sem esquecer a existência de betesgas frescas e de testemunhas
pavimentadas, não pretendo escalpelizar, esmiuçar, aqui e agora, as origens, as
motivações e a proporção desta reacção na ribeira, que é de todos; pretendo,
apenas, partilha-la. Partilho, também, a convicção de que todos merecem ser
felizes, ainda que feitos de pó; de brisa; de chama; de líquido.
As pessoas são todas diferentes...
ResponderEliminargostei do que li. achei essa forma de escrever extraordinaria e sim toda a gente merece ser feliz só que da maneira como está portugal eu já não sou feliz nunca,só as vezes o sou quando algo me faz rir. de resto felicidade é uma coisa que não tenho. beijinhos!!
ResponderEliminar2Linhas: As pessoas são todas diferentes, também o entendo assim, com traços, rascunhos e resumos que se assemelham, ou se interceptam. Sabes, assustam-me as diferenças postiças e as inclusões impostas.
ResponderEliminar[Tenho que passar isto para um "breviário" ou para um "só para dizer"]
;)
sandrafofinha: Obrigado, pelo comentário tão gentil. Estamos, de facto, a atravessar uma fase muito complicada e para a qual creio ser necessário inventar um sorriso.
ResponderEliminarJá não me assusta nada disso, e isso sim, é assustador!
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