sábado, 31 de março de 2012
quinta-feira, 29 de março de 2012
Sombra
A minha sombra vaga uma vez
Em bagas de paixão vincada;
Arranca o talvez,
Que espalha pelo chão de nada
E pára um segundo
Antes de bater no fundo,
Do mundo,
Quando quer ser como eu.
quarta-feira, 28 de março de 2012
Pontos que ganham vida no horizonte
Pequenos espelhos,
Porções de vida;
Poções de alento;
Punções de momentos densos, ornados;
Portões de existência certificada;
Calam a sua relevância para uma zona mais indefinida
E diluem-se numa diversidade de cor e luz.
Fracções de presença;
Facções de entidade;
Funções de objecto;
Cintilam no infinito.
Memórias.
Memórias.
Os espasmos da areia que se funde,
No fundo de um horizonte afirmativo.
No fundo de um horizonte afirmativo.
O mundo quer que eu seja feliz.
terça-feira, 27 de março de 2012
A existência
Céu-aberto. Os anjos partiram e deixaram à solta, por princípios,
o que resta do ano, em votos esquecidos. A casa dos fungos arqueou, soltou um gemido
e deixou passar o ar descomprometido, amigo da diversidade e da adversidade de
igual modo que da felicidade.
Olho para a semelhança da sombra; para o mundo que roda, pede,
honra e venera os embustes matizados; para um tempo preenchido que rasgo, outro
que venço, outro que difundo.
O mar aproxima-se e a existência apela para tanta coisa…
segunda-feira, 26 de março de 2012
Muro (I)
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Localização:
Campo Maior, Portugal
domingo, 25 de março de 2012
Garças
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Vila Nova de Gaia
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R. da Cunha 110, 4415 Vila Nova de Gaia, Portugal
sábado, 24 de março de 2012
Castelo, Santa Maria da Feira [1]
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Santa Maria da Feira
Só para dizer [XXIV]:
Pode acontecer que deixemos de gostar, que a amizade se
transforme em atrito, que tenhamos que tomar um rumo diferente e prosseguir.
Isso não invalida que se tenha gostado e não apaga a história, significa que
continuamos a caminhar, que devemos seguir.
sexta-feira, 23 de março de 2012
quinta-feira, 22 de março de 2012
Tudo
O que sobra
É somente um
O dois ficará talvez
Enquanto a esfera roda
Enquanto a espera espreita
Amamos o mundo em sorrisos
E uma multidão a ganhar percurso
Tenho apenas versos para te dar agora
E a melodia de sonhos a construir depois
Não é fácil saber por onde começar a subida
Não podemos emendar caminhos pisados ontem
O amor é aqui e já e conseguimos enfrenta-lo hoje
quarta-feira, 21 de março de 2012
Firmamentos apaixonados
Ímpeto que gere a expansão dos
esboços
Arrebatamento, atracção e afinidade
Em danças de esqueletos de eleição
Em torno e retorno de
endereços
O sangue-frio de uma janela franca
Sem opulências de vidros espelhados
Que enfrenta e recebe
Frentes de versos que parem
pedras
Em litorais degradados
Amantes seremos em sonhos
Para além da morte exacta
E da sorte que não existe
Para além do momento que ostenta
a água
Estímulo que cadencia e ajusta
bailados
Átomos que riem à-vontade e com
vontade
Da forma compreensível das
cores entusiasmadas
Dos diálogos apaixonados dos
nossos personagens
Breviário [XXIV]
Por que há momentos para a prosa
desocupada que se torna prazer; um prazer que gera energia; energia que governa
a existência; existência que também é estima; estima que fortalece e sacia e tranquiliza
e é vida; vida que é amor, quando todo o resto não tem mais importância,
proveito ou interesse.
terça-feira, 20 de março de 2012
Farol de Aveiro e árvore - Praia da Barra, Ílhavo
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Praia da Barra de Aveiro
Localização:
Largo do Farol 1, 3830 Ílhavo, Portugal
Só para dizer [XXIII]:
Há momentos em que penso e acredito que posso e tenho de
escolher o direito e o direito de escolher.
segunda-feira, 19 de março de 2012
Não conto
Não conto os anos
O simbolismo dos dias
O passado que nunca se arruma
E que vestimos todas as épocas de forma igual
Em palavras que não conto
Que se redizem, renovam e aproximam
Sempre de forma diferente
Não conto as palavras que sempre te direi
Enquanto a memória e a sanidade o permitirem
E que não me canso de repetir uma e outra vez
Em viagens que sempre fazemos
Nos anos que não conto
Que ocorrem sempre
Não conto
Sempre
domingo, 18 de março de 2012
sábado, 17 de março de 2012
E hoje… (XXX)
… Uma diligência salutar em vias curvas e assimétricas, com conciliações e harmonias. Orientado para fados amigáveis, disposições simples, diálogos claros, pessoas descomplicadas. Avançaram: sorrisos, inatos, distintos e oferecidos; o momento.
Não vi o mar, sinto-lhe o odor.
Haver às mãos o abrigo
Haver às mãos num ermo de inertes
Talvez uma frequência mais diluída
E uma ou outra inexistência mais densa
Transportar a tiracolo descomprometido
Uma combustão de emoções lavradas
Pelo opróbrio de uma dilecção devotada
E um compêndio de relva e grama
Inerente à condição de vagamundos
De letras e palavras extintas ou em ruínas
Haver às mãos a mão estendida
E doar sonhos e desejos de calmaria
Comprovar que possui raízes muito terra-a-terra
Em terra que se transforma
em céu-aberto
Um tronco de fim de ciclo latente exposto
À intempérie que é dádiva de
sustento
Ramificações de afectos aparados, serrotados
Pernadas de sentimentos esgalhados e podados
E um beijo hermafrodita
sexta-feira, 16 de março de 2012
Um impulso
Um impulso levou-me para mim
E para a beira-mar de um
oceano
De tranquilidade irrefutável
Onde a água exibia os seus
peixes
No momento em que estes
Se preparavam para dançar
No momento em que as areias
imersas
Riam com gosto e
pausadamente
Da figura fácil de uma rocha
ensimesmada
No momento em que o breu do céu
Tingia de negro a terra
E eu emanava uma luz ateada.
quinta-feira, 15 de março de 2012
Vasto
Desejo anjos descalços
Desejo anjos humildes
Desejo anjos simpáticos
Proeminentes, visíveis
Acessíveis, descomplicados
Positivos, assertivos
Não o usado e encoberto
Não o embuste que parte a noite
Não o apetite sanguissedento
Emissário em missão
Embaixador de embair
Núncio de saques e cópia
Furtivo
Opaco
Primitivo
Desejo anjos descalços
Proeminentes, visíveis
Não o usado e encoberto
Emissário em missão
Furtivo
Desejo anjos humildes
Acessíveis, descomplicados
Não o embuste que parte a noite
Embaixador de embair
Opaco
Desejo anjos simpáticos
Positivos, assertivos
Não o apetite sanguissedento
Núncio de saques e cópia
Primitivo
O mensageiro comunicou a paz
Deixou a sua serenidade
Levou o meu sossego
Em troca de um sorriso
quarta-feira, 14 de março de 2012
Contém
Parece que não
Não foram os anjos
Não foram os anjos
Apenas as nossas vontades
Parece que sim
Foram as nossas vontades
Apenas os nossos anjos
Ou talvez seja preferível celebrar.
Quase Primavera
Este estado de quase Primavera, Primavera antecipada,
Traz já os alegres cantos dos passarinhos confundidos
E o calor, que abrasa o gelo dos cios mal paridos e
escondidos,
Encobertos pela modernidade de uma geração emancipada.
Facilidade e intuição circulam de mãos dadas e torpes.
Sem estranheza, o pouco atraente alicia e o bonito é mais
belo.
Os gostos, as cores, os odores tornam-se mais fortes!
Alheios ao aumento do nível do mar, que me preocupa,
Andam os pardais atarefados, com mil palhas no bico.
Absorto, sem contar o tempo que gasto e lhes dedico,
Procuro-lhes a força e a ânsia, que tanto os ocupa.
Abandono-os e não os vejo deprimidos ou cansados.
Não sei se, em verdade, não sabem alguma coisa
Ou se preferem ignorar e viver mais um dia afadigados.
Este estado de quase primavera, Primavera desejada,
Traz alegrias e alergias, esquecidas em igual forma e
grandeza.
Umas que não me torturam e outras que não me roubam a
tristeza.
Dedico-me às que recordam satisfações, sensação cobiçada.
Quero lá saber dos moralismos encapotados pela benignidade,
Falsa e astuta, de quem não tem mais nada para fazer,
Sobre quem vai, quem vem, quem passa nas ruas da ociosidade!
Alheios à subida da temperatura, que me inquieta,
Seguem os inquisidores, auto-proclamados, das habilitações,
Aparentando-as justificadoras de aptidões a ajuizadas
opiniões.
Estranho-os, porque me são familiares na postura indiscreta.
Entre um riso que vem e um riso que vai, deixam a incerteza
De uma atitude que dizem que tem e logo dizem não ter.
As origens, os humores, as pretensões secundam a esperteza!
Este estado de quase Primavera, primavera declarada,
Leva o frio, traz mais luz, aviva os sentidos, desmaia o
luto.
Aveluda a aparência, faz renascer o corpo devoluto
E dá, a todo o ser, uma imagem de fresca cara lavada.
Alheios ou não, a realidade transita do “agora” para o “a
seguir”,
Um vento que vem e vai sobre a folha que nasce e não pára de
crescer.
Afinal, tudo isto me aclara, encoraja, tudo isto é sério e faz-me
sorrir.
terça-feira, 13 de março de 2012
Topónimo [I]
Localização:
Largo do Romal 9, 3000 Coimbra, Portugal
sexta-feira, 9 de março de 2012
quinta-feira, 8 de março de 2012
Na tua liberdade
No teu tempo sem instante ou cunho
Que me demora e me recorda;
No teu olhar inquiridor e meigo,
No teu olhar inquiridor e meigo,
Que me despe e mostra o Universo;
No teu espírito tenaz e cativante,
Que me preenche e faz acreditar;
No teu aperto forte e complacente,
No teu aperto forte e complacente,
Que me cerca sem exigência ou posse;
No teu sorriso justo e vasto,
Que me expande e dá felicidade;
Na tua vontade de mover o mundo,
Que me desarma e abre o espaço:
Enlaço-me,
Cresço
E amo!
quarta-feira, 7 de março de 2012
O modo
Perderam-se todas as doutrinas;
Perderam-se todas as razões;
Perderam-se todos os vocábulos;
Perdeu-se, até, a perda e o perdido,
Porque, num ímpeto lícito e consentido,
Nos abraçámos e quisemos ser apenas um
E apenas o feito mais perfeito que executámos.
terça-feira, 6 de março de 2012
segunda-feira, 5 de março de 2012
Agora
Vão passar, em sequência, a ocasião, a etapa,
A época e o tempo.
Provavelmente vou continuar a pensar em ti
E a proferir milhares de frases de amor no silêncio
Dos meus pensamentos, assim como o faço
No silêncio dos nossos olhares,
Sem alienar a expressão e o seu repto filosófico;
Sem enjeitar a manifestação serena
Dos afagos e das frases de ternura.
Sem temor pela possível vinda do fim do mundo,
E as palavras que eu diria,
E que na minha cabeça vão ficar para sempre,
Porque, o que importa, agora, é sermos nós o fim!
sábado, 3 de março de 2012
sexta-feira, 2 de março de 2012
Nascente do canto do conto do diz
A fonte secou e o efeito composto foi, também, dirigido à
noite.
A noite, actualmente munida de alguma incoerência de sinais,
arruma a prática da quietude e do efeito imparcial. Ninguém aparenta saber a
história, ninguém a contou. Faz-se sentir a consequência: A fonte secou e no
lugar impensável, indispensável, já não é possível regar o «depois» e o «devir».
Possivelmente, a direcção da presença indeterminada fermenta
o azedume, retalha a vontade e obstaculiza o fundamento, em dolo coloquial de
entendimento.
Próximo dos contentores de um ecoponto alegórico, vi
alguns enunciados expostos em sequências discursivas intuitivas, que apontavam
para mim, secos, também, e presos em raposas simbólicas, que recebi sem
oposição, sem confronto e sem aclarar. Não quis afugentar os animais com os
meus apelos, com os meus chamamentos e com as minhas mesuras, mas a sua natureza
bruta e gentia, contudo, precavida, não permitiu qualquer entendimento e a
aproximação insatisfatória consumiu-se por completo.
Muitos sentem comiseração ao contemplar a cega noite que vê, apenas, a
escuridão do seu negro capelo, que ela própria teceu e encapuzou; que, surda, julga
serem delírios os gritos e as vozes que a alertam; a, tímida, que escancara e exibe
a existência atrás das muralhas de vidro, que construiu para se esconder e que
limpa, de imediato e voluntariosa, quando embaciam; que, muda, a todos brada, aponta,
escorraça e intitula de «perseguidores».
A fonte, em concordância com a sua natureza, naturalmente
sem qualquer alternativa e recurso de motricidade, aguarda pela dádiva da Natureza;
pela oferenda que se entranhe na terra, sacie a sua sede e a faça jorrar o
manancial que alimenta e segue no curso estabelecido há muitas eras.
Reconheço a impotência. Desconheço origens e afasto-me, sem
julgar, sem maldizer, dos sentidos de lamúria vaga, dos sentimentos de prantos
indistintos e dos afectos de carpideira. Encontro a amabilidade integral e a
renovação, sem tanglomanglo
de rumo ou de qualquer outra natureza.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Acesso a um outro quase-nada
Incompleto. De porta entreaberta, detenho-me na
soleira e afasto, para prosseguir, alguns disparates que vem saudar-me e felicitar-me,
juntamente com os mortos, por entre a total e copiosa ausência de som,
para onde e para quem se dirigem afectos legítimos e ruidosos
que me acompanham. Distinta pedreira. Velha pedreira. Outra pedreira, onde sonhos planeiam
unicamente desertos complexos, que fluentes e espontâneos sociabilizam com
o estafeta electrónico desligado.
Mimo o tapete. Acarinho e dessalgo o âmago, abano
a alma e entro, sem dados. Deixo que o frio de fora se misture com o frio de
dentro, que as ilusões que entram se cruzem com as ilusões de dentro, por um
instante, antes de fechar o presente e a porta à chave.
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