O tempo, por vezes,
é o contrário daquilo que aparenta ser,
espraia-se sensível
e adquire a forma imprecisa das raízes
ávidas. Um tempo
que nunca é suficiente, impossível de dizer,
agarrado ao chão de
sentidos e à praça de um momento,
onde um punhado de si
mesmo, no ar, parece um traço contínuo
de fogo no horizonte,
a equilibrar o céu e o tempo restante,
sem, contudo,
garantir o seu próprio equilíbrio ou tempo.
Um traço que se encurta
e se estreita, até se transformar
num ponto, uma
partícula de luz que se extingue, transcrita
num pedaço de outro
tempo. Adquire, assim, uma miscelânea
de aparências e
estados que se entranham em nós, fazendo-nos
tempo do próprio tempo
e uma parte integrante do seu ciclo.
Que vida é esta,
onde, entre palavras e sentimentos, habita
uma incompensável
distância e um inadiável silêncio, a tempo?
[massivo]