A ria mergulhou num sono
profundo e as palavras não nadam sozinhas.
O poeta não transfigura. Há
horas que permanece imóvel, silencioso,
como se estivesse acanhado,
a tentar adivinhar as estrelas que estarão
do outro lado das nuvens. E
sorri, por vezes, ali, sozinho e numa expressão
que, na realidade, não
consigo descrever. Talvez esteja indiferente,
com o alheamento necessário
para suportar o peso da mobilidade
do universo e dos pequenos
retalhos da sua vida singular e latente.
Ou talvez seja essa a sua fundamental forma de comunicar,
a sua língua,
e procura o poema que terá subido ao céu, onde as
palavras aparentam
ser mais fortes do que o cansaço e fluem com o seu mesmo interesse.
Mas, que sei eu sobre o poeta, sobre o seu centro ou sobre
a sua superfície?
Olho para ele como se me juntasse às memórias de uma dor antiga,
labiríntica. Contudo, leve, repleta de saídas e muito mais do que
palavras.
[massivo]
Uma coisa é certa, Henrique... cada um dos teus poemas tem sempre uma riqueza tão grande no seu conteúdo... que a superficialidade... sempre se nos escapa...
ResponderEliminarBeijinhos
Ana