O ulmeiro adormeceu, a ria parece ter subido ao céu
e as palavras permanecem imóveis, a invejar as estrelas.
Poderás pensar que me escondo no poema, porque se perdeu
um fim de tarde no caudal de frio e noite; porque me
falta
o ulmeiro, a ria e a circulação das palavras. Mas, não.
É o poema que se esconde em mim, numa espécie
de melancolia bucólica, que não é triste ou de tristeza.
Eu estou a ouvir os mochos a dizer o amor nocturno
em casas abandonadas, algumas em ruínas, na parte
ferida e resignada da cidade; a sentir o ar frio e salino
a pulsar-me na face, por dentro, e a resposta do sangue,
por fora dessa pele de memórias transcendentes.
Respiro fundo, inspiro os retalhos de vida que se dispersam.
Invoco o abraço mútuo do olhar, depois das palavras,
e as sensações que não se disfarçam no rosto, meu amor.
[massivo]
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