A noite de todos os pontos cardeais entra, silenciosa,
pela janela da página. 
Traz a memória do teu olhar, que procura o meu, com o brilho
e a ânsia 
do mar; com a súplica e a precipitação dos afectos secretos
e dos lábios; 
como o fogo e o apetite térreo e solar de uma semente há
muito esquecida. 
Chega pelo su-sudoeste das palavras uma agradável
sensação de conforto 
e a terna recordação da chuva de folhas secas. Redesenha-se
a perspectiva 
das árvores dormentes que ladeiam as ruas ou das que formam
os parques, 
num outono que amadurece e que pinta sonhos de azul,
dourado e névoa, 
que segue as letras de um ponto abstracto como o horizonte. 
Deixemos a cidade a brincar com as folhas, a ria agarrada ao leito e o poeta 
à luz do seu interior, a brincar com a cidade, as folhas,
a ria e com ele próprio. 
 [massivo]
E enquanto o poeta brincar com as folhas... numa fracção de tempo... surgem assim... belos momentos poéticos, como este... que descobrem sentidos... em quaisquer horizontes...
ResponderEliminarBeijinho
Ana