sábado, 3 de dezembro de 2016

Atmosférico


Quando se sente, inevitável, o temperamento das leis 
e dos fenómenos atmosféricos no corpo, onde se funde 
o lençol do gesto vago do finito, as recordações são consolações 
viáveis, como um afago ou um abraço. Podem chegar pelo fundo, 
fundo, de uma palavra, dos olhos, ou da pele. Nascem na mente, 
mas deslocam-se pela circulação sanguínea para alimentar o corpo. 
Alimentam-se, então, mutuamente e numa espécie de simbiose   
que cruza a razão, os sentidos, os sentimentos, de dentro para fora 
e de fora para dentro, em múltiplas circulações, finalmente, livres. 
Não se contam, então, as palavras, nem conta, nem se conta, o tempo.  



 [massivo]



1 comentário:

  1. Como sempre, um poema de uma densidade e intensidade impressionante!
    Mais um poema formidável!
    Beijinho
    Ana

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