o tempo é célere na memória
onde por vezes não nos encontramos
num espaço de proporção irrisória
e por vezes somos a existência onde não estamos
numa sucessão grada e migratória
que de uma forma ou de outra estimamos
o dia entrou em dormência
o sol caiu subitamente no horizonte
assim com a rotina e a frequência
ainda me falta uma ponte
a travessia dos torpores
sem qualquer sinal que o confronte
doem-me as dores dos outros e as minhas
respiro fundo e sem querer afundo um pouco mais
caindo-me os rasgos e as linhas
o sorriso instala-se nas minhas expressões faciais
respiro esta que é a minha vida
em paradoxos de sentimento e dimensionais
a noite aboliu quase todas as cores
lançou novos sons e imagens
neutralizou e produziu odores
caminho com ela de braço dado sem paragens
irrevogável fonte de sabores
tranquiliza-se a ria que esconde os seus horrores
e invade-me o corpo apertado e de viagens