parte um moliceiro a quem chamam «hoje»
sob um céu pardo e amarrotado
que aparenta alcantilar-se e evocar as almas
para se precipitar de seguida sobre elas
a cidade de «ontem» fica para trás
com os ideais mirrados em placares
entre rios insubmissos de asfalto
e cascatas de betão envelhecido
que quase obedecem às leis da gravidade
adiante avista-se a laguna «amanhã»
voga o moliceiro sem esperança de dobrar qualquer cabo
conhecedor de que não poderá entrar no mar
e que encontrará terras já descobertas
navega livre e sem segredo
num mundo parco e confinado
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