quinta-feira, 13 de março de 2014

urbe II




coloco o telemóvel quente no bolso 
a razão é um espaço ténue e frágil 
uma distância quebradiça e nublada 
ainda mais quando se detém o abismo 
dentro e acessível a partir da equidade 
o que o torna ainda mais profundo 
onde não caem as coisas cansadas 
que cavalgam em escolhas gastas 
um autocarro pára e abre-se a porta 
para que eu possa viajar no ar mortiço 
predicado de uma oração sem vontade 
onde a massa lenta e alienada da manhã 
foi substituída por novas máscaras lassas 
e pela esfera amorfa de novas palavras 
de mãos vertiginosas e contundentes 
brindo a todos com um rasgado sorriso 
conheço o caminho das canções do motor 
e estas ruas que vincam o peito da cidade 
que cavalga um trecho de presente audaz 
onde eu sou o louco que respira o avanço 
da noite que não tarda ao som das baladas 
com a textura de uma lágrima dissimulada 
pela brisa que se despe da ansiedade cortês 




1 comentário:

  1. A sua poesia revela angústia.
    Mas é bela, tristemente bela.

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