coloco o telemóvel quente no bolso
a razão é um espaço ténue e frágil
uma distância quebradiça e nublada
ainda mais quando se detém o abismo
dentro e acessível a partir da equidade
o que o torna ainda mais profundo
onde não caem as coisas cansadas
que cavalgam em escolhas gastas
um autocarro pára e abre-se a porta
para que eu possa viajar no ar mortiço
predicado de uma oração sem vontade
onde a massa lenta e alienada da manhã
foi substituída por novas máscaras lassas
e pela esfera amorfa de novas palavras
de mãos vertiginosas e contundentes
brindo a todos com um rasgado sorriso
conheço o caminho das canções do motor
e estas ruas que vincam o peito da cidade
que cavalga um trecho de presente audaz
onde eu sou o louco que respira o avanço
da noite que não tarda ao som das baladas
com a textura de uma lágrima dissimulada
pela brisa que se despe da ansiedade cortês
A sua poesia revela angústia.
ResponderEliminarMas é bela, tristemente bela.