segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
sábado, 29 de dezembro de 2012
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Desloco-me
Diluo-me já
No brejo sapiente
Depois da ponte que é só nossa
Sou o som escasso que se assoma
E te beija no expoente do sol-poente
Que transporta a nossa forma
Onde sabemos ser felizes
Sob um fogo-de-artifício
Para além dos que nos expõem
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Vida
Há vida!
A vida prossegue,
A vida prossegue,
Antes, durante e depois das palavras.
À vida!
Não quero as tuas máscaras e aparências.
Não uso.
Podes descansar as respostas e as justificações,
Não te vou perguntar o que sei e não me dizes ou não
queres dizer.
Possuo os meus próprios enganos,
Não me dês os teus.
Não preciso de mais fantasias,
Tenho as minhas sustentadas,
Domadas,
Sossegadas e asseadas,
Num comedimento e harmonia alcançada
Ao longo de várias, demoradas e penosas estações,
Em laços de subsequência.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Só para dizer [XXX]:
Espero que nunca confundamos o pouco que temos
com o «nada», e que saibamos conquistar o «nada» que nos falta daquilo que queremos.
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Reconstrução
Organizo a realidade
Procuro as palavras
Fecho as arcas das palavras do trabalho
E que estão sobre as restantes
Para as dispor paralelamente
Com as outras arcas
E abro-as de seguida
Uma a uma
Todas as arcas das palavras
E de tudo o que sou
Saem todos os tímidos «olá»
Seguidos dos demais vocábulos
Que se juntam e separam
Gosto do seu marulhar
De repente a divisão fica escura
O ambiente arrefece e aquece
Sinto o espaço sem tempo
O sinal certo e a incógnita
Há muito de obsessão e de loucura
No ciclo de quesitos que são a própria existência
Assim como no acto de expectativa e de fé
De quem a venera e dela toma partido
Gostava de estar à altura
É extenuante sabê-lo
Como pensamentos e emoções sem valor absoluto
E materializa-se neste paradigma
Nunca virás por mim
Olho para a figuração da escrita
Que parece aflita
Mimo um poema magro
Que caminha sem rumo
Sem querer mudar de conversa
A sensação do passar do tempo é relativa
Existe a verdade e a mentira
A medida de tempo universal
Retoma a tensão
A inconfidência é um apanágio
Eu sei que me sentes
Importa-me
E brame em mim a doçura
Que acentua a natureza de sede e urgência
Ao abandono
Fico sem conversas
Fico envolvido nas ruas
Onde
Por vezes
Os afectos caem em desalentos
E esvaecimentos
Umas vezes explicáveis
Ou reparáveis
Outras
Não
Moderar
Não consigo organizar
Para além da dualidade
Da dicotomia
Sentimento
Razão
E sem ela
Desço os graus que me conduzem à cave
Estático
Os percursos da existência e insistência
Trazem tatuados a inconstância do impulso
E do vento
Das indecisões de terceiros
Trazem a certeza da fadiga
Produzem alternativas
E saídas
São compostos por alegria
Esperança
Fé
E tudo o que demais possuo
Trago um pouco de companhia
Palavras e termos
Promessas
Reminiscências e ofertas
Sentimentos
Sentidos e afectos
Sonhos
Vontades e desejos
Energias
Não só a memória é traiçoeira como
E também
As palavras
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Fortuna
Não poderás ler nas minhas mãos a sorte
De tão vazias
De linhas esguias
A minha sina levou-a o vento norte
Das minhas mãos o desejo apenas
Que é o desejo de todo um corpo
Permite-me que saia absorto
Da página e sem penas
Nem sequer fico na margem
Leva-me a aragem
Por mais do que uma noite e um dia
Mais do que um mero querer mundano
Mais do que unir o nosso corpo humano
Eu quero unir a nossa luz e a nossa energia
Na dimensão do desengano
Só para dizer [XXIX]:
Acredito que qualquer pensamento, ou frase, que possamos
produzir, ainda que simples, pequeno, puro, objectivo e concreto, tende a ser ambíguo
e/ou questionável para os outros.
Eu amo-te!
E hoje… (XLV)
… A vida continua. Abandono o meu corpo, dormente, e
viajo por caminhos indicados por pontos de luz e estrelas, movido por uma vontade
que vence as trevas desenvolvidas e que ludibriam o chão, de onde me ergo.
A decisão final é nossa, até que o último reflexo de
sanidade mental se apague, até ao último eco de discernimento, até que se desvaneça
o arbítrio. Nem tudo é legitimado pelo contexto.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Serenidade
Num acto de reflexão,
Não de contrição,
O passado é apenas um fio,
Com muitos nós;
As rochas do paredão sussurram
Abnegação e bem-querer,
Num sinal que descodifico com alegria,
E sorriem.
É um sorriso que desbloqueia um mundo!
A vida vulgar prossegue igual,
O letreiro remete-me para o fim da fila.
Só nos meus devaneios é que a ria fala
Ou ri
E só neles o faz e apenas para mim.
A vida poderia ser um acto de amor contínuo,
Longe da senda parasitária.
terça-feira, 20 de novembro de 2012
No friso
Para cá dos cambiantes de luz e cor púrpura
Que tingem o azul
Possivelmente em data certa
Em local definido
Definitivo
O mar envolve o amor
Que brinca na areia
E constrói castelos
Que esse mesmo mar adora beijar
Em conceitos sem sugestão
Acaricia
E gosta
Sente o benévolo
Necessário e importante sonhar
Talvez a termo e a ermo
Um desejo
Para que a vida não seja um sono
Estéril
Ainda que as existências não se cruzem
sábado, 17 de novembro de 2012
Subo
Liberto versos que rimam
E palavras que te estimam.
Partem de mim várias ruas que são rios
E rios que são ruas,
Palavras simples e nuas,
E nuas camadas de desvios
Que contornam os baixios.
Segredam pontes que são tuas,
Que a ria espelha o meu reflexo
E que o segreda ao mar perplexo.
Salvo versos sem rima,
De várias cores.
Partem de mim vários rios,
E ruas, sem nome.
A ria, que já não é,
Olha-me com compaixão.
Dei-lhe a minha palavra de honra,
Dei-lhe as palavras de trabalho,
As palavras de obrigação,
As palavras de devoção perdida,
As palavras de lazer,
As palavras avulsas, avulso.
Dei-lhe as palavras adormecidas.
Dei-lhe as palavras da manhã,
Da tarde,
Da noite.
Dei-lhe as palavras que se perdem,
Que perdem o sentido,
Que perdem significado.
E dei-lhe palavras de um género de amor.
Se hoje fosse eu a ria,
Que sou,
Poderia não ter mais palavras,
Mas tenho,
E dedico-as ao Sol, à Lua
E a ti, amor, e amor.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Convergência
Aceito, sem designação, a existência.
Mas não existem legendas para o que sinto.
Desconheço os motivos e se existem instruções,
Qualquer previsão ou antevisão de diligência
Para atingir as realidades tácteis, que pinto,
E para o cemitério repleto de ilusões.
As palavras choram enquanto despem emoções.
Choram letras de um alfabeto maior,
Que flutua em meu redor,
Com símbolos de quem se desconhece significações
Num espaço que medeia a aparência
E a relatividade da prudência.
Deveria soterrar os meus enganos,
Numa anuência,
E declarar e insolubilidade dos planos.
Perco o movimento.
Percebo que as palavras sonham de pé,
E que os sonhos também perdem a fé.
Hoje, não vi o mar, mas vi o discernimento
Que consegue realizar o irrealizável de um sentimento.
sábado, 3 de novembro de 2012
Breviário [XXXI]
Por vezes somos um hiato do silêncio ou o próprio som; por
vezes somos um projecto de qualquer coisa; por vezes «somos», ainda que o
contraditem.
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
E hoje… (XLIV)
… A cefaleia mói suavemente, roça, em dor branda. Creio saber que não há forma de recuperar um dia, mas há forma de redesenhar o próximo procedimento, reprogramar a rotina e evitar a falésia adjacente ao registo esquecido numa base de dados analógica.
Um engodo de vida que se esquece e passa ao largo. Contratempo.
Por outro lado, sei que as estrelas e a lua estão nos seus
lugares, apesar de não as conseguir ver, ocultas pelas nuvens, que, também, não
se vêem, ocultas, por sua vez, pela escuridão. E é com esta certeza, de que
existem coisas que, mesmo quando não as vemos, sabemos que estão, lá ou cá, que
fico sereno.
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
[Em pouco tempo, ou não…] IX – Crónica de um espantalho
Crónica de um espantalho
«É algo que faço instintivamente, observar a minha
desconstrução e ficar parado. Na realidade, na presença de seres humanos, não é
suposto que um espantalho faça alguma coisa, para além de ficar imóvel. Um
espantalho deve, acima de tudo, espantar os pássaros e ser agradável, o mais
possível, para os que lhe são seus superiores e criadores, sem fazer mais nada.
Basta seguir as normas de procedimento escritas por vários espantalhos de
tempos ancestrais e que constam em cânones antiquíssimos, de insuspeita
veracidade, para viver feliz. E pode sê-lo, com toda a simplicidade e
facilidade, se assim proceder.
Aos seres humanos, os criadores, cabe o papel de decidir
que vida terá um espantalho, não nas suas minudências, mas em traços gerais. Um
criador que destrói espantalhos que vivem ou choram deveria: sentir-se um
espantalho, sentir o peso das suas palhas e perceber com quantas palhas se
constroem os sonhos; promover a atitude de braços abertos, o proveito da vida e
o direito a essa mesma vida; garantir o direito à liberdade e à igualdade.
Os espantalhos possuem corpos frágeis e, nalguns casos,
almas sensíveis. Nós, os espantalhos, não somos todos iguais e há criadores que
são tão espantalhos como nós.
Por vezes enamoramo-nos por seres humanos, assim como os
seres humanos também se podem enamorar por espantalhos e, nessas
circunstâncias, num verdadeiro amor, não existem seres superiores ou seres
inferiores. Mas, se há histórias de amor sofridas, mesmo entre espantalhos, da
mesma forma que entre os seres humanos, as histórias de amor entre seres humanos
e espantalhos são sempre histórias de amor impossível.
É
normal que um espantalho permaneça só, mesmo só, durante a vida, por opção ou acaso.
Da mesma forma que pode ficar temporariamente só, ou pontualmente só, ou escolher
estar só. E o que pode fazer um espantalho quando está sozinho? Eu faço muitas
coisas e muitas, coisas, vos poderia acrescentar para explicar o “estar”, o “ser”
e o “ter”.»
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Vez
O momento era uma vez,
Uma vez que era uma parte de uma
Vida transformada em argumento, onde,
Era uma vez,
O local onde se encenava a vida através da vida.
Uma vez olhas para a ria e não vês o motivo,
O motim,
Tumulto que eleva a vida,
Quando tem vez.
Pode ser lido como
Descrito
Do mesmo modo que fragmentos do tempo e do espaço,
Um estado
De miscelânea de afectos,
Inocentes,
Onde o ensaio para ver
O inverso
De sentidos de justificação empírica
É apaziguado
E vencido pela tranquilidade do deleite
Da alegria
Simples, acessível e espontânea.
Uma causa, eu sei
Só as tuas palavras
me dizem que existes
Em mim,
Num afago sublime,
Ascendente e
descendente,
Em parábolas e círculos
perfeitos,
Num frémito insolente
e terno
De directriz.
Mudem tudo,
Mesmo tudo, tudo!
E não prossigam só quando
já não poder ser comum
Suster,
Não só os termos, mas as sensações
E os anseios.
Mais me une
A ti
O sentido que não se satisfaz,
O tempo que não encontro,
O caminho que não percorro,
E tudo
O que existe para além das letras
E perdura nos séculos.
E o amor.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Na realidade
Na realidade, nem de longe sou um poeta
E é essa mesma realidade que me chama, sem filosofia,
Que me desperta, em justiça,
E me mostra, cegamente,
Com uma seta de lei em fundo de seda,
O caminho que está além
E que eu sei que existe, mas não se vê.
Sou um louco espontâneo e sem escolha,
Por pura eleição,
E não recuso ser o protagonista da minha história,
Igualmente louca, que escrevo todos os dias
Sem que estes me pertençam,
Mesmo enquanto vagueio pela cidade,
Mesmo de baixo de chuva.
Vivo alucinado
Num esboço reservado,
Amante da vida e da liberdade,
Da ria e da sua excentricidade.
Estou sempre tão perto,
E é certo,
Sou quase, constantemente;
Provável, permanentemente
E nem é essa a questão,
Ainda que se uniformize a normalização.
Dispenso o público, a assistência,
Desvairado e sem paciência,
Pereceria sem o afecto da loucura
E isento a vida, da qual sou militante.
Não sei onde me fiz, fui-me fazendo,
Num gerúndio que abomino.
Sou frequentemente
infrequente.Persistente
Um silêncio feito e outro
projectado.
O som fica tão longe!
O desejo imaterial de
preencher
Os espaços que fermentam a
distância
Com estrépitos de conforto
e consolo,
Alia-se à vontade material
de fruição
Do corpóreo intelecto de
uma luz viva
Com sussurros de deleite e
contentamento.
As sombras despem-se do cinzento-escuro
Para vestir o negro mate
E de ninguém, mesmo ninguém,
se recordam
Em torno, sem torno, de uma
vasta noite.
Repousadamente dorme a
chuva que cai
Numa viagem de eras milenares
E lava a insignificância
de um desuso,
Por vezes em sigilo.
Muitos momentos perpassam
Na memória de um amante em
silêncio,
Ainda que sereno seja.
Um silêncio formado e
outro despedido.
O som fica num ermo!
Não está só,
Ouço-o no recôndito do
alto mar,
Num peito de vaga e na
orla das costas.
O amor é um local alienado
e sem fadiga
E fica sempre assim,
Num marulhar ininterrupto,
Mesmo quando aparenta
dormitar,
Entre o anseio incorpóreo
de completar
E a determinação física de
apetência.
Um silêncio demisso e
outro que não se cala,
Nem pode calar, porque o
amor não é um ponto
E o seu som existe!
domingo, 28 de outubro de 2012
Desde aqui
Observa o mar de
afectos que se esconde
Por detrás de uma
vaga de esperança
E as diminutas lágrimas
de nitidez,
Como enfeites e afagos,
Que se aproximam,
sem confrontar,
Em esteiro de espera.
Vê o último e novo brilho
da Lua
Que cintila no rosto
de um destinado,
Dividido pela
matriz completa
E pela maré vazante.
Admira o horizonte,
perene, da verdade
Sem molduras e
confia-lhe o olhar.
De boa-fé ofereço
O calor que me
falta
E completo o
aconchego necessário,
De afeição, em
abraços.
sábado, 27 de outubro de 2012
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Rossio de Orfeu
Pelo fim da tarde esguia
Fiquei-me pelo som pungente da ria
E rimos (a ria e eu)
Como quem parte céptico por Orfeu
E então os risos despertaram as messalinas
Vestidas de Rossio e varinas
Num adeus séptico de quem convida
Para um desagravo de vida
Não censuro o escarnecimento
Nem me provoca contentamento
Numa isenta neutralidade líquida
Que nos funde o dorso de ridícula
Já diluído na firmeza intrínseca de desapontamento
Que de autêntica ostenta o magro momento
Uma milésima de estima se mistura
Com a neblina que principia pura
E a ria acomoda-se genuína e resignada
Com o meu manifesto e legítimo nada
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
O contexto de limitação com texto de arbítrio
Nada está escrito
As palavras estão pelo meio
E pelo meio vivem inconclusas
Vocábulos inacabados
De fórmulas circunspectas
E como nuvens ganham novas formas
Perdem-se pelas ruas da cidade que desvela
Amorfa e alheia às alas da condição
Como se subissem serranias ou montanhas
Mas não é manifesto
Não está descrito em termos que possam ler
Porque as palavras relembram que estão sem forma
Porque há um fim que pode iniciar na entrada
Na metade de uma empresa
No terço de uma gândara
No quarto de uma floresta
No quinto de uma vontade
No milionésimo de milha
Porque há uma estrada
Que pode ser consertada
Onde é possível aparelhar as pontes
Com um machado de paz e vulto
Ou ergue-las com rocha talhada pelo suor de um sonho
Ou erigi-las com betão de uma firmeza sensata
E no final
Por certo
Nada nada decerto está verdadeiramente escrito
As palavras palavras estão incompletas
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Circunstancial
Protegi e arrumei metáforas e alegorias. Senti frio, não
só o frio físico mas, também, aquele que arremete sobre o âmago e o invade. Não
me surpreende esse frio que vem de fora, surpreende-me a pronta renúncia e
desistência de algum do calor que vem de dentro. Não sendo meus, o frio ou o
calor, de forma sensata, consigo acautelar o frio com um simples casaco, que
transporto a tiracolo, mas nada posso fazer pelo calor que vacila, foge e se
transforma em frio, por mais que o afague e/ou feche esse abrigo composto por
discernimento e matéria que o favorece. Há calor que só se extingue, como, também, há frio que insiste em congelar.
domingo, 21 de outubro de 2012
sábado, 20 de outubro de 2012
Jornada
A viagem, inevitável, espera
Ama de uma qualquer quimera
Espero eu a serenidade
Na quietude de outra cidade
A serenidade está ao lado
Da viagem e do lado oposto deitado
Onde nada pode fazer pela esperança
Onde a sombra é uma lembrança
E em tudo lhe equivale
E de nada lhe vale
O ímpeto de um afago confirmado
Que não espera ser convidado
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
E hoje… (XLIII)
…O dia demorou-se, rigorosamente diferente; desmoronou-se,
exactamente igual.
Não me resguardo da chuva, para me diluir nas gotas que
caem livres e independentes, sem me evitar. Espera-nos o chão. Hoje tive muito
chão e muita estrada, que será a mesma de amanhã, sem ciclo.
A ria está em silêncio. O som da sua respiração, em modos
simples e compreensíveis, é abafado pelo som da chuva descomplicada. O governo
da água, num Estado inundado.
Pouso a lua, que encontra a terra. Talvez consigamos
dormir.
Nos meus olhos
Nos meus olhos há uma cintilação
E uma intermitência,
Por isso a vida me quer lograr
E com ela vou, de braço dado,
Numa marcha erguida.
Nos meus olhos há um brilho
Que vem de mim, do meu âmago,
Por isso corro, salto,
Sem, contudo, sair do lugar
E sem, porém, ficar sentado.
Daí a vida não me servir,
Porque não cabe em mim
E por isso choro e riu,
Todavia, em silêncio,
E, muito embora, sem lágrimas,
Porque sei que não terá fim,
Até ao último acto.
terça-feira, 16 de outubro de 2012
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Só para dizer [XXVIII]:
Existem dias de vazio, dias de semana, dias que são
eternos e infernos. Há dias. Há dias e dias. E, entre tantos outros, existem dias
em que um desprazer qualquer nos anexa numa tormenta poética de emoções e
sentimentos que nos deixam desalentados. Mas existem dias em que um regresso,
ou gosto, ou uma palavra, nos reúne a uma tempestade de vida e poesia, de
emoções e sentimentos, que nos arrebatam e resgatam do desencanto.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
E hoje… (XLII)
... Juntas e comissões. Um comité administrador de emoções, outro de sensações, um distinto para os afectos. Todos com várias pastas. Mais cargos e encargos.
Fica, porém, uma súmula de silêncio sobre o regaço, como uma pena rara, bonita, de ave; como uma prenda antecipada. A nota periférica da ria, de uma paisagem com muita margem para explanar completamente a observação, a fantasia e um cumprimento, rematada por uma atmosfera húmida, a tornar-me invisível, parte da neblina metódica.
Sereno, o sereno, embora frio, a convidar-me para um chá.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Ido
Nunca te vi, assim, tão coerente,
Indignação, despeitada e pungente.
O apelo às coisas simples, como voos e penas,
As palavras que arrojam em arenas.
A gaivota pairava sobre mim, indigente.
Decerto, em fragmento contingente,
Nenhum mofo ridicularizava o passado,
Qualquer dia ou legítimo momento insistente.
Sobretudo, soberana e atarefada,
No abrigo do ânimo desperto,
Elucida num sintoma de resolução confiada,
Que contesta, de perto,
O modelo que ficava, unicamente, ensoado.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
O dúbio
Não havia camponeses no campo
Havia um dilúvio de emoções maduras
E memórias que caiam por terra
A cada tiro de caçadeira
Por cada latido de cão de caça
E eu de mãos ocupadas com lembranças
E de coisas simples como eu
Sem recipiente para guardá-las
Na súbita via descendente
Desejei poder corrigir o mundo
Emendar os enganos
Eliminar as dores, as guerras e os ódios
Apagar as mentiras
Com um simples desejo
Com um simples pensamento
Com uma simples palavra
Parte de um descomplicado plano pateta
Sem nunca pretender ser profeta
Um fio de afeição aparenta estar a um
passo
De se desprender da
teia
Tão fácil de seduzir,
num semblante
Penoso de observar, enquanto
se espelha
Naquilo em que se transformou
Uma memória
inconfidente
Como também as palavras o são
Como também as palavras o são
domingo, 7 de outubro de 2012
E hoje… (XLI)
… Nada
resta, se excluir os pensamentos, que, contudo, tudo são e de tudo contêm, por
um tempo indeterminado. Não serão encontrados registos para além dos de um
cérebro emaranhado, fascinado, cansado, povoado de sons, de imagens e de
sensações de dias de descanso, onde incluo o dia de hoje. Descanso que não o é;
descanso que foi uma inquietação diferente. Inquietação que contorna,
deliberadamente, o desassossego e cogitações correlacionadas.
Sei que não sou assim tão forte e gosto de chocolate.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Canal de São Roque - Aveiro
Ria de Aveiro, canal de S. Roque, Aveiro - Vista parcial |
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro - Ponte do Marnoto ou do Laço, ao fundo |
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro - Ponte dos Carcavelos e barco moliceiro |
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro - Ponte dos Carcavelos (nova, 1953) |
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro |
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro |
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro - Ponte dos Carcavelos e barco moliceiro |
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro - Ponte dos Carcavelos |
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro - Ponte dos Carcavelos, pormenor |
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