quarta-feira, 11 de julho de 2012

Anjo


A quimera corre da mão dada com o desengano
Na areia da costa
Sob um horizonte profundo e mundano
Que aguarda resposta

Dizem que fiquei só
Gosto de ficar a olhar o oceano
Aqui onde termina a dó
E principia o profano

A tecnologia que os aproximou
Separa-os, por fim
Numa alegoria que nunca se desenhou

O anjo estava ocupado com outros dilemas
No assomo da fé
Enquanto as emoções ganharam diademas
E marcas de remate em rodapé

Dizem que fiquei só
Gosto de encontrar-me aqui
Até quando o ar aparenta filó
Mesmo quando estou sem ti

O impulso extrai a ordem
A rede que ficou para trás
E o ar espera que o acordem

Quem é o anjo que desfila
E com quem a quimera corre agora
As legendas soltam-se e saltam em fila
Na generosidade que dilata a demora

Dizem que fiquei só
Gosto de estar neste lugar ermo
Onde só eu cumpro a promessa de pó
De um anseio enfermo
Embora desponte um transparente nó
Descubro-me por cá
Ainda quando dizem que fiquei só


4 comentários:

  1. 'Rique, olá!

    O «anjo» um transporte e «só» é um isolamento, certo?
    E gosto! Gosto mesmo.

    Beijinho

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. «Salut!»
      Sim, absolutamente, certo!
      Beijinho

      Eliminar
    2. Tu est d'une candeur magnifique...

      Eliminar
    3. ...Oui, bien sûr, ma cherie!...
      [Eh! Eh! Eh!]

      Eliminar

Obrigado, pelo seu comentário!