Deixa-me escrever nessa margem estreita
ou
Rotação
Gaivota,
Aceito a tua anedota.
Deixa-me escrever nessa margem estreita,
Numa determinação insuspeita,
Sem obscenidade ou jura,
Só por sanidade e dilecção pura.
Sobram-me as palavras que consentem,
Apesar das discordâncias;
Sobram-me as palavras que não mentem,
Apesar das deformações e instâncias.
Associemos as nossas ideias e penas,
Conciliemos circunstâncias de lenas.
Deixa-me escrever nessa margem estreita,
Como quem se estreita
Nesse pedaço de perspectiva,
Antes que lhe falte o espaço;
Antes que perca a iniciativa;
Antes que me vença o cansaço.
Vai subir a maré
E vamos ficar sem pé.
Estamos na margem do mar,
À margem de um algar;
À margem de um algar;
Na margem do papel,
À margem de um corcel;
Na margem da estrada,
À margem de nada;
Na margem da lembrança,
À margem da segurança.
À margem da segurança.
Deixa-me escrever nessa margem estreita,
Esqueçamos a interdição e o guarda que espreita.
Gosto da metáfora, do sentido geral e do intrincado de alguns pormenores. Leio as penas com um duplo sentido, por exemplo.
ResponderEliminarVou de férias com saudade.
Beijinho
Obrigado, Laura.
EliminarBoas férias!
Beijinho