ah! mas como!?...
os abraços continuam a sair por uma janela da memória,
como uma onda numa viva recordação consentida.
vivo, de passagem, do outro lado da rua,
não importa há quanto tempo,
nem se o tempo tempo tem.
talvez seja tarde
e a dúvida pode ser uma emboscada.
a vida não se resume numa única sentença,
e nem todas as sentenças me servem;
ou nem sempre são à medida da realidade,
ou de uma realidade à medida.
a realidade funde-se e alicerça-se nos pontos de vista,
num perder de vista e na bruma de um ideal.
estou de passagem
não sei bem há quanto tempo
(ou quanto dura, na realidade, uma passagem assim),
anexo à ponta de uma caneta que escreve sem cessar
acerca de um oceano de tinta com barquinhos de papel.
desta vez não sei bem há quanto tempo não me vejo.
há quanto tempo sou a margem que se ocupa com palavras
onde a identidade e o físico são a orla da presença e da
esperança;
nem há quanto tempo tenho em mim o céu policromático
embrenhado na polissemia e insistência das rotinas diárias
mais cinzentas, que acompanham o fluxo expressivo da maré
que se mostra à frente de um verso já formado.
o olhar sai abraçado à semântica cognitiva
em acto contínuo, na ternura das veredas.
por vezes tenho o tempo em desencontro
e tempo que não convém a uma circunstância
ou em unidades que não se conjugam,
não sei bem há quanto tempo,
num tempo em que eu sou o momento.
ah! mas como?!...
"desta vez não sei bem há quanto tempo não me vejo"
ResponderEliminarAndo precisando de tempo para me ver... mas desconfio que o tempo, nao tem tempo para mim...
Una fotografía que deja entrever el tiempo y sus huellas... palabras muy reflexivas.
ResponderEliminarBella noche.
Besos.