Brotam, essencialmente, à noite, junto aos bebedouros
dentro de portas. Florescem praticamente todas as noites
e o desflorescimento ocorre com a chegada da manhã.
Por vezes, titubeiam insones e lamuriosos; vacilam factos
e palavras; gemem uma angústia fermentada e convulsa
de afectos demolidos, que os distancia da esperança
ou lhes confere uma esperança ébria e comprometida.
Mas, nem sempre é assim, no relativo etílico reflectido.
Conheço esses caminhos do amor, para além do olhar
químico, filosófico ou emotivo, mas não vou por aí.
Rumo noutro sentido, procuro outra vertente do céu;
a companhia de uma estrela; o murmúrio líquido
e nocturno da lua, da ria, das árvores, das ervas,
que se transforma numa frágil, mas terna, melodia.
As palavras orbitam e rodopiam em torno deste som.
Tenho a cidade cravada nas costas. Talvez nunca perca
o teu rosto absoluto e concreto, a sua imagem, na
distância
das paisagens da memória. Mas, quem és tu?
[massivo]