Agora, a periferia. Os salgueiros, que emolduram e zurzem
o Vouga, guardam as suas próprias formas entre as raízes
do ar. Por vezes, falam de salgueiros mais distantes
e carpidores, salgueiros que os próprios salgueiros
evitam.
Encaram as paisagens húmidas com sorrisos e desconfiam
imensamente de quase tudo o que se relacione com a
cidade.
Sabem que, à noite, as coisas se agigantam, carregadas
de tons escuros, enquanto a linha do horizonte tende
a turvar até à sua inexistência ao simples olhar nocturno.
Por vezes, desperta em mim uma onda de imensa saudade
e procuro o rumor dos salgueirais. Embora só, aqui nunca
estou sozinho. Aqui as almas são descomplicadas e, apesar
da minha reconversão à cidade, do meu rosto adormecido
de cidade, absorvem-me, que é a sua forma de partilhar
e comunicar. Em momentos de um bom acaso, as águas
imitam toda esta paz e alentam os seus jacintos, que não
dormem.
[massivo]
As cidades têm esse dom por vezes... mesmo no meio de tanta gente... fazem-nos sentir à margem...
ResponderEliminarTrazendo-nos à memória outras margens, às quais sentimos que pertencemos verdadeiramente...
Pelo menos, foi assim que interpretei esta tua periferia...
Beijinhos
Ana