Hoje, as gaivotas falam de céus desconhecidos de um só dia
e cantam o ideal de beijos que cantaram nos meus lábios;
abraçam o ar abrindo as asas e disfarçam o afecto
simulando
sacudir as gotas de água das suas penas, como se estas
penas
fossem uma fantástica representação da saudade dos meus
olhos.
Um gato, completamente imaginário, sonha com pássaros mais
pequenos
e aparenta sorrir, da sua janela oblíqua, com um desejo fascinante.
O gato acompanha as gaivotas com o olhar, mas permanece imóvel,
como se toda a mobilidade pudesse dilacerar a existência irreal
das gaivotas, sob este céu que alberga inúmeras histórias
de amor
e que chama por nós e para um quarto anónimo onde poderíamos
diluir a nossa incontida presença, na tensão de um
elaborado acto
de amor, a olho nu, entrelaçados como as trepadeiras da
nossa ausência.
Inventá-lo-ia de novo, com a sensibilidade da ponta dos
dedos,
no frenesi da tua língua, no precipício da tua pele em incandescência
e tumulto;
como um princípio de uma hora longa e insuficiente.
[massivo]
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