sábado, 8 de outubro de 2016

Inventei o amor



Inventei o amor. Um sentimento sem a possessão de outrem, 
mas com zelo, sem receio: o ciúme. Inventei-o simples, simplesmente, 
embora se complique explicá-lo, como se me perdesse nas grandes 
curvas do ar e me fosse impossível voar conduzindo as palavras 
por entre os galhos das árvores. Inventei-o e dele faz parte, sempre, 
uma grande afeição e, por legítima preguiça e genuína e pura insensatez, 
continuei a designá-lo pelo mesmo nome, quando, por vezes, 
lhe encontro a atracção. Inventei-o e sofro a alegria da carne, 
tão consentida, tão isenta de crueldade, tão sem culpa, tão intensa, 
quando é o rastilho do desejo. Inventei o amor: 


 [massivo]



1 comentário:

  1. Uma invenção tão bonita... sendo assim espontânea, sincera, sentida... só pode ser a verdadeira versão do amor...
    Mais outro trabalho notável, por aqui... que é um prazer ler...
    Beijinhos
    Ana

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