quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Outono, a meia voz



A minha imaginação insatisfeita. O musgo da cidade, junto ao conflito 
de águas no deambular da praia-mar da ria, dorme. E as nuvens 
ocultam o caminho da vaga astronomia de um sentimento. 
Não sei se nos cairão as folhas quando o tempo se tornar mais 
intransitável, ou na curva dos dias de vagos ou hesitantes clarões. 
Reconheço-te pelo som indelével da tua voz e da tua respiração; 
pela tua imagem disseminada na pele e no peito da paisagem, 
no âmago das coisas e no fundo das cores que fingem os teus olhos. 
Sinto o fio tenso do vazio de uma moldura absorta a dançar, desabitada. 
Mas, agora, importa a paz da luz na circulação sanguínea, vórtice 
que deforma o espaço e o tempo, e tudo se torna belo, pleno, infinito:
poesia. 


 [massivo]



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