À superfície do rosto, a triste sensação
de estar perdido na cidade que perde
as folhas num tédio vulnerado, sob um céu
que derrama azuis líquidos, cheios de alegria
e expectativa. A luz, solta, ignora algumas sombras,
numa configuração tranquila de liberdade,
e beija a ria, onde ela se abre desimpedida
e exala o seu cheiro húmido a sal e a saudade.
Os olhos não descansam, temporariamente
ausentes, à procura não sei bem de quê.
Talvez um quê perdido no subconsciente
emaranhado na linha invisível que une as olaias
descontraídas aos lódãos despreocupados,
numa revolucionária resolução de amor.
Deixo-me ficar, ao frio, contigo dentro de mim,
num pacato modo de ausência que traz, à superfície
transparente do rosto, os sinais que levam as pombas
a pensar que me abandonei irremediavelmente;
que fui derrotado; que me diluí no alheamento;
que parti desafiando a loucura do tempo e do espaço.
Encaro o medo de amar, que surge
não sei de onde, e afasto os seus dedos,
feitos não sei de quê, para passar pelo acervo
solto de frases que, não sei porquê, escondem
a pilha solta de frases que formam a ponte:
a agradável inquietação de meditar.
Olho a vida de frente e vejo-a em toda a parte.
Sorrio, à superfície da actividade mental.
Cá está a poesia que te sussurro ao ouvido,
tão solicita e tão subtil!
A cidade quase troca os seus personagens.
[massivo]
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