quarta-feira, 25 de junho de 2014

urbe XLVI




é difícil despir a própria pele 
a cidade na franqueza dos sentidos 
a individualidade da imagem nua 
caídos na realidade do tempo 
deitado no espelho trémulo da ria 
à mesma hora do ocaso iminente 
próximo da hora de ponta das gaivotas 
que voam rente aos sinais de chuva 
no dia que vale pelos ovos moles 
que há-de ganhar a noite à noite 
enquanto as sombras se adivinham 
na infra-estrutura de uma velha história 
onde os sorrisos nascem devagar 
mas onde perduram mais tempo 
alimentados pela música da memória 
após memória num processo casual 




nota: ovos moles, é um doce conventual aveirense

1 comentário:

  1. o poema traduz bem o dia sombrio sobre a cidade que a imagem tão bem captou....

    :)

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