os dias não são todos iguais olho para trás
de onde ainda não há pirâmides de sal
a cidade é mutável como o mundo e as relações
querendo-a ou não a ria sempre esteve aqui
mesmo nos momentos em que eu me abandonei
partilhamos as nossas cicatrizes e pequenos triunfos
nenhum personagem é inteiramente feliz
talvez se tenham esquecido da esfera magnética
e eu fui diluindo a cidade nas palavras e afectos
amalgamando as cidades da minha vida
por cada novo capítulo e verso após verso
eu que já fui um forasteiro revestido de campo
por vezes procuramos a cidade na cidade errada
não existem partes erradas na cidade dentro de mim
não a salvo nem ela me pode salvar no espaço
onde a rua se interrompe em mais um equívoco
mas nada é tão simples nem tão complicado
e pela frente ainda existem todos os caminhos
que faltam e que de qualquer forma nos levam
ao fim circunstancial num tempo indeterminado
é aqui que o céu é cruzado por um bando de metáforas
as ruas ficam apinhadas de novas e velhas alegorias
e o tempo e o espaço fundem-se no magnetismo
sem novas oportunidades para a descrença
de onde a partida é implícita como as vagas
nas janelas do mar que adormeço ao domingo
corre uma urgência em mim que eu não vejo na cidade
as noites não são todas iguais no fim da urbe
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarTuga,
ResponderEliminarAdorei a maneira como você descreveu cada sentimento. A foto belíssima completou o encanto de seus versos! Muito belo! Gr. Bj.!
Olá, Rique!
ResponderEliminarUm final de "série" (ciclo?!) extraordinário!
Com o meio citadino como fio condutor entre sentimentos, sensações, afectos...
ResponderEliminar[Creio entender que é o fim da «série urbe», poeta! :) ]
A partida nem sempre é um sinal de abandono.
Lembro-me que tudo começou com a urgência, que não vês em ti, da cidade, e que culmina na tua urgência, que não vês na cidade, mas em coesistência cordial. Cada um com a sua identidade e coerências. Mutáveis, não incoerentes; cada um com a sua partilha. Os poemas foram-se confirmando como o teu local de resiliência/resitência, que conquistaram a melancolia poética, que nunca senti como depressiva.
Parabéns!! Continua a ser uma viagem fantástica!
Bjks!
É o fim?
ResponderEliminarnem as noites nem os dias são iguais, são sempre diferentes, depende do nosso olhar e do nosso sentir.
ResponderEliminarachei uma quase despedida, mas, penso que é apenas um fim dos escritos sobre a cidade.
outros virão!
a foto está muito bonita!
:)