as palavras aparentam procurar um meio de transporte
e simultaneamente procuram um lugar para onde ir
querem fugir dos sofismas que se encontram à espreita
e à deriva nas esquinas da cidade que se dobra sobre si
obstinada em frente ao computador e presa à televisão
mas são as ruas que se confundem quando mais correm
e param nas entrelinhas para provar morangos e cerejas
que entram clandestinamente nos passeios absortos
que temem perder-se sem querer enquanto esperam
e enquanto coleccionam verbos no infinito por delicadeza
são os veículos que na realidade se perdem da realidade
em fórmulas inconstantes de velocidade e progressão
e eu despeço-me dessas palavras reflexas e de adereços
sigo em viajem com o vento na hora certa dos noticiários
Sem comentários:
Enviar um comentário
Obrigado, pelo seu comentário!