o homem em mim não tem medo:
compreende a sensação de não
nos despedirmos o suficiente,
na anestesia da partida abrupta.
não é como a intuição de um abraço
insatisfatório, é o travo do tempo
exíguo no refúgio da saudade
antecipada. retalho da história
entre janelas sem espaço, onde
o nunca nosso cheiro se funde
aos silêncios de uma partida.
[palavras relacionadas]
partidas são mesmo assim.
ResponderEliminara foto está muito bem.
um beijo
:)
Aquele buraco no peito...
ResponderEliminarLindo, com sempre. Tudo, foto e poema!
Beijinhos, Henrique :)
O ERRO DE QUEM PERDE
ResponderEliminar(Poema que está em meu livro "Vai Ficar Tudo Bem")
O erro de quem perde
Jamais será chorar pelo que perdeu,
Pois perder, sempre dói.
Muito menos será
Desejar morrer, nos piores momentos,
Pois quem já não desejou?
O erro de quem perde,
Não está em ficar, por algum tempo
Sem vontade de viver, ou de interagir.
Afinal, a dor só é realmente vivenciada
Por aquele que a sente,
Sendo impossível ser partilhada
Ou aliviada por outrem.
O erro de quem perde
Não é tentar buscar respostas,
Mesmo sabendo que seja improvável obtê-las
Nesta existência.
Pois a natureza humana
É vaidosa,
Curiosa,
E quer saber de tudo.
O erro de quem perde, afinal,
É desejar que tudo seja
Exatamente como antes após uma perda,
Pois não será.
O erro de quem perde
É achar que, trilhando os mesmos caminhos de antes,
Estará mais próximo de quem se foi.
O erro de quem perde,
Está em pensar que poderá recomeçar
Sem antes chorar todas as lágrimas que precisar chorar,
E despedir-se...
E o processo de despedida
Pode durar muito tempo,
Um pouco todos os dias,
E jamais nos despediremos completamente.
Talvez o certo,
Seja, ao invés de tentar voltar a ser como antes,
Descobrir um novo caminho,
Uma nova maneira de ser
A partir do que restou,
Respeitando os vazios, que sempre estarão vazios,
A ausência, que sempre estará presente.
Talvez, para quem perde,
O erro esteja em procurar quem se foi
Sempre nos mesmos lugares
Onde jamais estará...
Ao invés de procurar em novos lugares,
Criados pela saudade,
Pela dor,
Pela própria necessidade de sobreviver.
E esses lugares,
Só podem ser alcançados
Quando aquele que perde
Olha para dentro de si mesmo.
E no entanto, há partidas ditadas pelo tempo... que a gente não deixa que partam dentro do peito da gente... e ficamos com a saudade, e as boas memórias, para sempre...
ResponderEliminarUm belíssimo poema, combinado com uma fantástica imagem... como é habitual por aqui...
Nossa!... Há aqui, um montão de posts espectaculares, para eu meter o nariz... amanhã estou off-line, mas no fim de semana, venho colocar por aqui, a minha leitura em dia, sem falta... :-D
Beijos! Bom fim de semana!
Ana