Parado
não estou imóvel.
Corro
como quem não consegue escapar,
Conquisto
a distância estática;
Fico
refém do instantâneo,
Retrato
precário de um movimento;
Fico
cativo e não inerte,
Fixo
na fotografia.
Rumores
são grades;
Cercas
aprumadas de burburinhos;
Alusões
de arame farpado;
Vedação
da integridade;
Muros
de divisão compulsiva.
Omissões
lagunares são pântanos;
Lodaçais
de intelectos fechados;
Atoleiros
de mesuras de regadio;
Brejos
de civismo harpeado.
Como
eu quero ajudar e não sei por onde vou,
Afastado
da origem, sem ser desertor!
Serei
diplomata no concílio dos descrentes;
Dos
atados às ligaduras e aos atilhos;
Dos
diáfanos.
Serei
diplomata pelo mutismo do chão agreste;
Pelo
brado das coisas selvagens;
Pelo
pêlo eriçado no refreio do arrepio;
Pelo
zelo das coisas dóceis.
Serei
diplomata pelo que eles dizem,
Quando
não pronunciam;
Quando
silenciam à minha frente;
Quando
rabiscam nas minhas costas;
Quando
tropeçam em mímicas de soluços.
É
diferente o irradiar e a emissão particular.
São
felizes e eu com eles.
Hoje
cicatriza a etapa.
Segrega
a harmonia, sem música;
A
paz.
Não
há devir, haverá um novo dia;
Uma
pintura de naturezas vivas.
Seja
como for, será um presente;
Um
lúdico pretérito no futuro.
Será
uma área sem extensão;
Um
grito seco e sem eco.
Hoje
cicatriza o castigo da metamorfose,
Inaudita.
Cicatrizo,
com um fecho, um remate,
Um
atalho e um fim que cura.
Há
um lugar contíguo,
Um
espaço, de um raro ambiente,
Para
esconder as marcas
Que
sussurram uma força.
Uma
força que acalenta a presença,
Para
desagrado das existências belas
Como
a das flores e dos bons afectos.
Há
um lugar secreto,
Um
recanto, onde guardamos,
Bem
fundo, a dor,
Bem
dobrada
E
sempre pronta a usar.
Nesse
local, num ou outro momento,
Numa
ou noutra solidão,
Memoramos
as francas fraquezas
Como
um suprimento de sofrimento.
No
descrente seio do concílio do papel amarrotado,
Confundem-se
os males maiores do não amor
Com
outros interesses superiores.
Criam
cópias de razões e representações
Numa
cascata que é um abismo.
Evocam
as sombras das negações
Desmentindo
a mágoa, num sofisma
De
corte polido e desconfiado.
Reproduzem
purismos naturais
Que
vertem numa proveta,
Para
graduar a rectidão;
Para
mensurar a competência;
Para
quantificar a excelência.
Vertem
os saberes de tópico,
Como
canais de evacuação.
A
poesia surgiu nua,
Como
sempre, e, sempre, sem insígnias;
Sem
armas, que não ela,
E
um peito.
Nobre
peito vincado e rarefeito,
Foge
das rimas;
Foge
dos ritmos;
Foge
do pesar;
Foge
do eterno fugir.
15 de Fevereiro de 2010
Vir aqui tem sido uma epopeia a minha net deixa-me capaz de cometer um assassínio...Enfim! Li e como sempre reli o debaixo melhor e li este a necessitar lê-lo de novo. Que dizer. Excelência e aprumo. Poeta de facto e um entre muitos, porque me encanto. Até já me envergonho de o dizer mas fico encantada... Como dizer o que se sente na verdade não será mais que o que é certo, pois confesso-me! Fã incontestável e incondicional. Beijos meu amigo. Um feliz Natal
ResponderEliminarAgradeço a tua imensa generosidade, bondade e presença.
ResponderEliminarBem-haja!
Um beijo enorme.
Gosto da etapa que cicatriza, gosto da paz e gosto essencialmente da fuga ao eterno fugir :)
ResponderEliminar;)
ResponderEliminarGosto de te "ver" sorrir!