Enquanto cai a
semente às palavras,
Semente que
ninguém colheu,
Talvez porque as
palavras não são
De uma bela
herdade, ou quinta, de boas lavras.
São palavras de
uma leira abandonada, que alguém esqueceu.
São o fruto de um
amanho directo e sem ilusão;
São a receita de
um trato ausente, de solidão e de breu.
Mas, enquanto cai
a semente às palavras, já referidas,
Semente que o
próprio semeador abandonou
À sua sorte, dita
em quem ninguém crê,
Porque, essa fortuna
dá muito trabalho e horas perdidas;
Consome afectos,
sonhos e o pouco que restou
De uma vida
magra, justa; existência que pouco se vê
E que adensa a
neblina campestre e o ermo onde ficou.
Enquanto cai a
semente às palavras, cansadas,
Semente miúda de
geração antiga, seca e mirrada,
Tão provecta que
se lhe perdeu a origem,
Génese de
receios, de outros freios e de ocasiões paradas.
O princípio de
omissão de uma natureza encerrada,
Essência que nem
os corvos exigem.
Muitas gralhas
urdem na inferioridade da fuligem.
Porém, enquanto
cai a semente às palavras, maduras,
As vidas decorrem
indiferentes,
Como origem das
causas sombrias e de outras loucuras.
Olá Henrique! As palavras são sementes que crescem e se multiplicam, mas tal como os terrenos têm que se cuidar. Nada "germina" sem cuidado, sem afecto e dão muito trabalho, preocupação. Podem ferir na faina da lavra, calejar o corpo, a mente o coração. Podem tornar-se daninhas e não dar nada. Adorei o teu poema com tudo o que sabes tão bem tecer, como um bordado. Beijinhos uma boa noite e bom dia amanhã.
ResponderEliminarCom base num bom princípio tenta-se que se semeie as sementes que nos parecem ser as melhoras de que dispomos na altura.
ResponderEliminarObrigado, Noctívaga!
ResponderEliminarÉs muito gentil.
Bem-haja!
Sol:
ResponderEliminarUm bom princípio.
;)