terça-feira, 8 de março de 2016

decorrer


porto | portugal


imagino-te e existes junto ao impossível perto. 
sou os gestos possíveis e temo descrever-me 
rente à noite, de caule azul vergado pelo frio, 
a esperança, que é sempre uma espécie de fé. 

as perguntas desenham uma ideia de sonho. 
esquece as surpresas da gravidade do inverno 
e do inverno da gravidade, frutos da solidão. 
não somos divindades. não és musa e eu sou 

ninguém, que te inventa mulher, que te quer 
mulher, sem todos esses conceitos sem nexo. 
a paridade é a nossa permanência para além 

do poema, ou dos infortúnios virtuais do sexo, 
ou de uma outra vida que nos poderia separar 
os mélicos indícios de te pronunciar lentamente. 


 [palavras relacionadas]


4 comentários:

  1. sei que soa tão repetitivo mas, só posso dizer belíssimo... e, sim, a esperança é uma espécie de fé. Abraço grande Henrique.

    ResponderEliminar
  2. Lindíssimo poema... adorei a expressão "a paridade é a nossa permanência para além do poema"...
    Só a admissão de paridade... é a melhor homenagem que se pode fazer a uma mulher... creio que foi essa a intenção... visto ontem ter sido O Dia Internacional da Mulher... e por isso uma belíssima homenagem por aqui...
    A imagem está fantástica, com esse contraluz fabuloso!
    Beijinho! Continuação de boa semana!
    Ana

    ResponderEliminar
  3. que soneto tão belo, e dedicado à mulher.
    já o reli várias vezes e humildemente agradeço.
    obrigada...
    beijo

    ResponderEliminar

Obrigado, pelo seu comentário!